Os líderes africanos se reuniram nesta quarta-feira à margem da Conferência da ONU sobre o clima em Marrakesh (COP22) para tentar “falar com uma só voz” nas negociações, nas palavras do rei marroquino, Mohamed VI.

“A África paga um duro tributo e representa, sem dúvida, o continente mais penalizado” na luta contra as mudanças climáticas, destacou o monarca ao abrir a cúpula “A ação africana”, com cerca de 40 dirigentes e representantes.

“O aumento de temperaturas, a alteração das estações e as repetidas secas empobrecem a biodiversidade do nosso continente, destroem seus ecossistemas e hipotecam seu progresso, sua segurança, sua estabilidade” acrescentou.

E, no entanto, a “África só emite 4% dos gases de efeito estufa”.

“Essas mudanças (…) afetam profundamente o desenvolvimento da África e ameaçam gravemente os direitos elementares de milhões de africanos”, lamentou o rei.

Por isso, o continente deve “se expressar com uma só voz, exigir justiça climática e que os recursos necessários sejam mobilizados, mediante propostas acordadas” acrescentou.

A cúpula contou com a presença do ruandês Paul Kagame, do congolense Denis Sassou Nguesso e do senegalês Macky Sall, entre outros, assim como do sudanês Omar El Bashir, alvo de uma ordem de busca e captura emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

Mohamed VI convocou a cúpula não só para defender os interesses ecológicos do continente, mas também para recuperar sua liderança diplomática na região.

O Marrocos abandonou a União Africana (UA) em 1984, quando a organização admitiu a República Árabe Saaraui Democrática (RASD), da Frente Polisário.

O reino marroquino se apossou em 1975 dessa ex-colônia espanhola, que reivindica sua independência, e desde então o conflito diplomático se converteu em um dos conflitos não resolvidos no continente africano.

Nos últimos meses, Mohamed VI realizou várias viagens pela região. Visitou o Ruanda e a Tanzânia, e após a COP22 irá para Adis Abeba.

Para reintegrar a UA, o Marrocos deverá sobrepujar a Argélia, que apoia a Frente Polisário.

A reintegração do Marrocos deve ser realizada através de uma votação. A próxima cúpula da UA está prevista para o início de 2017 em Adis Abeba.

“O Marrocos é um ator comprometido com a consolidação da segurança e a estabilidade regionais. Por isso está decidido a reforçar sua contribuição na defesa dos interesses vitais do continente, junto aos seus países irmãos, dentro de pouco na UA”, disse o monarca.

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