BRUXELAS, 17 dezembro 2013 (AFP) – Os dirigentes da União Europeia (UE) se reunirão na quinta e na sexta-feira em uma reunião marcada pelo retorno da chanceler alemã Angela Merkel, à frente de um governo de coalizão, cuja prolongada ausência deixou a UE a ver navios.

Depois de meses de bloqueio para a preparação das eleições alemãs e as longas negociações para formar um governo em Berlim, os líderes da União Europeia esperam agora que alguns dos trabalhos lançados há meses possam finalmente ser concluídos.

A união bancária é um desses temas em que ainda não foi obtido um consenso.

Os ministros das Finanças dos principais países da zona do euro se reuniram mais uma vez em Berlim na segunda-feira à noite, antes de uma reunião de terça-feira do Eurogrupo, seguida de outra dos 28 ministros da UE na quarta-feira em Bruxelas.

Uma maratona de encontros na véspera da cúpula de chefes de Estado e de governo para tentar chegar a um acordo que devem obrigatoriamente alcançar, antes do final do ano, para que o texto possa ser adotado antes das eleições europeias de maio de 2014.

Mesmo antes de ser confirmado à frente da pasta das Finanças alemã, Wolfgang Schaüble flexibilizou sua posição, em especial, frente à França, abrindo o caminho para um compromisso.

A UE também avança com pequenos passos em outro projeto destinado a limitar os riscos de uma nova crise, aprofundando a união econômica e monetária. Isso está reforçando o controle das políticas econômicas dos Estados membros.

A Alemanha insiste, há mais de um ano, na prática de um mecanismo que proteja o princípio do rigor fiscal, quando a França destaca a necessidade de solidariedade entre Estados membros. Sobre este tema “a mudança de política na Alemanha facilitou as coisas”, estimou uma fonte europeia.

“É um tema de credibilidade”

Contudo, apesar disso, a UE não pode “se contentar com compromissos diplomáticos complicados sobre temas técnicos (…) que não constituem uma visão a longo prazo”, disse Jean-Dominique Giuliani, presidente da Fundação Schuman, um think tank, que defende o relançamento da tradicional cooperação franco-alemã.

Como sinal da boa vontade, apesar dos desencontros desde que o presidente francês François Hollande chegou ao poder em junho de 2012, Merkel viajará na quarta-feira a Paris para um encontro bilateral. “Tentaremos (…) elaborar um projeto comum para propô-lo a todos os países da Europa (…); o objetivo é permitir aos europeus amar de novo a Europa”, afirmou o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius.

A Ucrânia pode ser o exemplo dessa vontade europeia, após a crise desencadear com a rejeição do presidente Viktor Yanukovich de assinar, no final de novembro, um acordo de associação com a UE. Embora a UE repita que a porta “continua aberta” para Kiev, ainda não encontraram os argumentos para convencê-la.

Para Dimitri Trenin, do think tank Carnegie Europe, a UE se encontra em um momento chave se quiser se transformar em um “ator estratégico” frente às outras potências. “É um tema de credibilidade”, acrescentou.

Outro tema sobre o qual se esperam definições é a defesa da Europa, presente na agenda de trabalhos. Os repetidos cortes orçamentários fazem com que o setor se encontre em um período de vacas magras e a solução passaria por tornar os meios comuns e reforçar as capacidades industriais comuns, um tema sensível para muitos países do bloco.

Em paralelo, a França, que iniciou operações militares caras na África, sob mandato da ONU e com apoio da UE, quer aproveitar para pedir a seus sócios que contribuam, mas terá dificuldades para convencê-los a participar de um fundo destinado a financiar operações militares no exterior.

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