A ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira, plantada sobre as marginais do rio Pinheiros, no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, se tornou um dos novos cartões-postais da cidade. Cenário da foto que ilustra esta reportagem, a obra de arte  impressiona pela beleza. Principalmente à noite, quando a  iluminação garante um ar futurista à estrutura de aço e concreto. Para garantir esse efeito são necessários relés, quadros de comando, disjuntores e outras peças cuja existência só nos damos conta quando ocorre um apagão. E é exatamente graças à produção e venda desse tipo de equipamento que a francesa Schneider Electric se tornou uma das maiores companhias do setor no mundo. Em 2010, seu faturamento global atingiu a marca de € 20 bilhões.

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Desafio: a engenheira Tânia Cosentino foi a primeira mulher a assumir o comando da subsidiária da Schneider no País 

O Brasil vem colaborando bastante para esse desempenho. No período 2004-2008 as vendas dobraram por aqui. Desde então, elas vêm avançando na faixa acima de 10% ao ano e atingiram R$ 1 bilhão no ano passado. Além do crescimento orgânico, esse resultado é fruto de uma agressiva política de aquisições. Das 14 empresas adquiridas pelo grupo desde 1999, nada menos que oito foram compradas pela subsidiária  do Brasil (leia quadro). A mais recente delas, no final de julho, foi a  Steck da Amazônia, dona de uma receita anual  de R$ 140 milhões. Ela é uma das apostas da engenheira elétrica Tânia Cosentino, 46 anos, presidente da Schneider Electric no Brasil. “A Steck será uma das alavancas de nosso crescimento no País”, disse ela à DINHEIRO. 

Trata-se de uma compra estratégica, pois reforça a posição dos franceses no segmento predial, que passa por um expressivo boom tanto no nicho residencial quanto no empresarial. Para seguir crescendo na trilha dos dois dígitos, a executiva dispõe de um orçamento de R$ 1 bilhão para o período 2011-2013. O montante será gasto na renovação do parque fabril e no desenvolvimento de produtos. Não estão descartadas mais aquisições. Até porque essa é a forma mais rápida de cumprir as metas de crescimento. Apesar de esses movimentos dependerem do aval da matriz, em Paris, Tânia, que começou a trabalhar no grupo em 2000  conta que o prestígio da subsidiária no cenário global tem feito esse processo andar mais rápido. 

 

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Usina de ideias: a estratégia global da Schneider Electric é definida em sua sede, em Paris

 

“Desde que eu consiga demonstrar a importância da transação, é fácil conseguir o sinal verde”, diz. “Mesmo quando precisamos de recursos adicionais para fechar a operação.” A postura mais agressiva da Schneider coincide com a promoção de Tânia para o posto, em 2009. Desde então, ela imprimiu um ritmo de forte expansão para tentar se impor em um setor onde o tamanho faz toda a diferença. O foco dos negócios no Brasil será a conservação de energia e o uso desse recurso de forma sustentável. “Desenhamos projetos capazes de reduzir em até 30% o consumo do cliente”, afirma. Cada aquisição foi selecionada com o intuito de ganhar mercado, aumentar a linha de produtos ou ampliar a escala produtiva. 

 

Hoje, os ativos da Schneider são compostos por oito fábricas, 13 escritórios comerciais, além de três centros de distribuição. Antes de assumir o cargo, Tânia passou um ano numa espécie de estágio probatório na matriz. De Paris, ela cuidava das divisões de América Latina, África e Leste Europeu. Afável no trato pessoal, a executiva usa alguns “truques” para ajudar a quebrar barreiras em uma área tradicionalmente  dominada por homens. O principal deles é o interesse pelo futebol. “Aprendi a gostar do esporte e acompanho a trajetória do Corinthians, Flamengo e Grêmio”, diz. “Dessa forma, estou sempre apta a participar das rodinhas de conversa.” Mas o seu time do coração, mesmo,  é o Corinthians, do qual ostenta alguns suvenires em sua mesa de trabalho.

 

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