O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 5, que não vai telefonar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociar as tarifas de 50% impostas sobre produtos brasileiros por considerar que Trump não quer conversar, mas disse que irá ligar para convidá-lo para a cúpula climática COP30 deste ano no Brasil.

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“Não vou ligar para o Trump para negociar, porque ele não quer falar. Mas pode ficar certa, Marina (Silva, ministra do Meio Ambiente), que vou ligar para convidá-lo para vir para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática”, disse o presidente, acrescentando que também telefonará para outros presidentes para fazer o convite.

Na última sexta-feira, Trump disse que Lula poderia ligar para ele a hora que quisesse para discutir tarifas e outros atritos entre os países.

Relação Brasil – EUA

Em seu discurso, Lula classificou o momento da relação com os Estados Unidos como “lastimável” e sem precedentes em 200 anos de relação bilateral.

“Não há precedente nos mais de 200 anos de relações bilaterais de uma ação arbitrária como essa que sofremos. Nossa democracia está sendo questionada, nossa soberania está sendo atacada, nossa economia está sendo agredida. Este é um desafio que nós não pedimos e não desejamos”, disse Lula durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado “Conselhão”, em que culpou ainda a família Bolsonaro pela interferência.

“Essa interferência em temas internos contou com o auxílio de verdadeiros traidores da pátria que arquitetaram e defenderam publicamente ações contra o Brasil lá nos Estados Unidos”, afirmou.

Tarifas de Trump

Lula falou por mais de uma hora aos conselheiros, mesclando partes lidas e improvisos, e centrando seu discurso na defesa da soberania e da democracia, o que tem sido o mote do governo desde a imposição das tarifas comerciais de 50% pelo governo de Donald Trump.

O anúncio, feito em 9 de julho, pegou o governo de surpresa, depois que em abril o Brasil havia ficado na lista dos países menos taxados, com apenas 10% sobre os produtos exportados. Mas, ainda mais do que o tarifaço, a vinculação feita por Trump com o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro inflamou o governo brasileiro.

Mesmo com a isenção feita, na semana passada, a uma parte considerável dos produtos exportados — em especial àqueles que têm mais impacto na economia norte-americana –, a situação entre os dois governos não melhorou, com os canais de negociação praticamente fechados.

“Vários setores da economia são afetados pela covardia dos que se associaram aos interesses alheios aos da nossa nação. Proteger da nossa soberania está acima de todos os partidos e todas as tendências. O governo não transigirá e não vacilará em seu dever de preservá-la. Não há justificativa para as medidas unilaterais contra nosso país”, afirmou o presidente.