SÃO PAULO (Reuters) – A companhia de eletricidade Light encerrou 2022 com um prejuízo líquido de 5,67 bilhões de reais ante lucro de cerca de 400 milhões em 2021, devido ao impacto de provisões pela devolução bilionária de créditos fiscais e a complexidades próprias de sua concessão.

Em balanço anual publicado na noite de terça-feira, a empresa, responsável pela distribuição de energia a 31 municípios do Rio de Janeiro, reconheceu que está em “situação operacional e financeira complexa”, em razão de seu elevado endividamento, geração de caixa insuficiente para honrar compromissos e alto índice de furtos de energia, que reduzem a receita.

Em 2022, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da empresa foi negativo em 1,18 bilhão de reais, revertendo a cifra positiva de 1,82 bilhão de um ano antes, em função de provisões para devolução de créditos fiscais.

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Diante disso, a companhia disse que está montando uma estratégia para manter a continuidade de suas operações até a renovação de seu contrato de distribuição, que expira em 2026.

A ideia é antecipar o processo de renovação da concessão, disse o presidente-executivo, Octavio Pereira Lopes, em mensagem que acompanha o balanço.

“Para ajudar e assessorar a companhia a lograr as diversas estratégias mencionadas acima, a administração contratou uma série de consultores, assessores legais, regulatórios e financeiros”, disse a Light

“Nós iniciamos discussões com a Aneel e o Ministério de Minas e Energia em busca da renovação antecipada em bases que garantam a sustentabilidade da concessão e do nosso negócio. A renovação precisa levar em consideração as particularidades do Rio de Janeiro, especialmente em relação às perdas não técnicas em áreas de severa restrição operacional e a altíssima reincidência no furto de energia e inadimplência em áreas convencionais.”

A proposta está em linha com o que vem sendo discutido também para a Amazonas Energia, outra distribuidora em situação difícil, como publicou a Reuters. Os dois casos vêm pressionando o novo governo a buscar rapidamente uma solução definitiva para reverter a piora das concessões, que em um dos casos pode até culminar em caducidade.

Segundo a administração da Light, enquanto a concessão não é renovada, foram traçadas estratégias para manter a continuidade das operações. As iniciativas envolvem, por exemplo, a utilização de recursos oriundos de vendas de ativos, obtenção de extensão de prazos de pagamento junto a fornecedores e credores, captações em bancos ou mercado de capitais, aumento de capital, redução de investimentos que não prejudiquem as operações e atuação nos âmbitos regulatório e jurídico/legal.

“Para ajudar e assessorar a companhia a lograr as diversas estratégias mencionadas acima, a administração contratou uma série de consultores, assessores legais, regulatórios e financeiros”, disse a Light.

O indicador dívida líquida/Ebitda da Light encerrou 2022 em 3,3 vezes ante limite de 3,5 vezes para fins de critérios de cumprimento estabelecidos em acordos de financiamento.

Preocupações no mercado com a Light

O mercado já tem demonstrado preocupações com a Light desde o começo do ano, com o resultado divulgado nesta quarta-feira (29) apenas tornando a sua condição mais frágil ante os investidores.

A companhia negou, em fevereiro, que estava na iminência de pedir recuperação judicial por conta de dificuldades financeiras, dizendo que estava sendo assessorada na avaliação de estratégias financeiras que viabilizem a melhoria de sua estrutura de capital.

(Por Letícia Fucuchima)

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