16/07/2003 - 7:00
Para a poderosa Federação das Indústrias de São Paulo, a cidade de Limeira, no interior paulista, é um laboratório. Conhecida no passado como capital da laranja, o município, aos poucos, tornou-se um centro nacional de jóias e bijuterias. Por lá, há cerca de 600 empresas dominando 37% de um mercado que gira R$ 573 milhões por ano no País. Quase um terço da população economicamente ativa da cidade, cerca de 45 mil pessoas, trabalha nessa atividade. E é graças a isso que a cidade constitui aquilo que os especialistas chamam de cluster, um ajuntamento espontâneo de pequenas empresas de um mesmo setor concentradas em uma mesma área geográfica ? um fenômeno econômico que a Fiesp quer aprofundar e multiplicar. ?Queremos identificar as vocações de cada região e aumentar a produtividade das empresas?, explica Mário Bernardini, diretor da entidade.
Além de Limeira, um projeto de desenvolvimento de clusters da Fiesp, orçado em R$ 4 milhões, já mapeou as vocações de Mirassol (móveis), Vargem Grande do Sul (cerâmica) e Ibitinga (bordados e tecidos). A idéia é dar o pontapé inicial, mas deixar que elas caminhem com as próprias pernas em dois anos. ?A Fiesp será importante na mudança da cultura gerencial dos empresários?, diz José Natalino, secretário de Planejamento de Limeira. Apesar do quadro negativo da economia brasileira, os empreendedores locais demonstram otimismo. ?Quero aumentar minhas vendas em cerca de
30%?, diz Hilário Fernandes, empresário que começou trabalhando
nos fundos de casa e hoje emprega 48 funcionários e fatura cerca
de R$ 350 mil mensais. ?Espero que nos ajudem a abrir novas linhas
de crédito?, diz Rodolfo Mereb, que, à frente de um negócio familiar, se tornou importante distribuidor da região. Lusenrique Quintal,
dono da Galle, maior fábrica de bijuterias do País, espera que se ampliem as vendas ao exterior .
O desenvolvimento de clusters vem sendo feito com sucesso nos EUA e na Europa, especialmente na Itália. Aqui mesmo no Brasil a Federação das Indústrias de Minas Gerais desenvolve projeto semelhante desde 1999. A cidade de Nova Serrana, na região centro-oeste de Minas, desenvolveu-se fortemente com a profissionalização da indústria calçadista. A receita bem-sucedida já foi percebida em Brasília. É o presidente Lula quem se mostra entusiasmado com a idéia. Encomendou à consultoria Monitor Group um mapeamento
de pólos produtivos em todo o território nacional, que orientarão
os investimentos federais. ?Encontramos mais de 90 regiões?,
revela Luiz Ciocchi, diretor da empresa. Os pequenos empresários
do interior do Brasil agradecem.