Todas as 23 estações da Linha 1-Azul do metrô foram afetadas por um problema que se estendeu por mais de uma hora na manhã desta terça-feira, 24, dificultando a rotina de quem tentava se deslocar na cidade de São Paulo. As estações chegaram a ser fechadas e os usuários esvaziaram os trens, do Jabaquara, na zona sul, ao Tucuruvi, na zona norte. A companhia alegou “atuações indevidas”, enquanto o Sindicato dos Metroviários falou em falha de sistema.

Os motivos do problema não foram completamente esclarecidos pela Companhia do Metropolitano, responsável pela administração da rede, que completava 50 anos de inauguração nesta terça-feira. Em nota, o órgão disse que “uma série de atuações indevidas e não autorizadas” de equipamentos de emergência das estações provocaram a desenergização da linha. “Em consequência, a circulação de trens da Linha 1 ficou paralisada entre 8h50 e 10h17. Os reflexos dessa ação deliberada também foram sentidos nas linhas 2 e 3, que operaram com velocidade reduzida durante o período da ocorrência.”

A reportagem solicitou entrevista com alguém da companhia, mas o pedido não foi atendido. A polícia não foi acionada.

O Sindicato dos Metroviários reagiu ao que chamou de acusação de sabotagem. “Apuramos com os funcionários que houve falha no sistema SPAP, que atuou sozinho em dois locais quase ao mesmo tempo. Foi verificado que o lacre dos pontos de atuação do sistema de emergência nas plataformas não foi violado, ou seja, não ocorreu interferência humana”, informou a categoria.

O SPAP é o Sistema de Prevenção de Acidentes em Plataformas, composto por um botão e um telefone em um totem disposto nas plataformas. O dispositivo pode ser acionado, por exemplo, em caso de queda de usuário na via, para que cesse o fornecimento de energia elétrica no local. Seu acionamento, no entanto, afeta o funcionamento normal da linha. A nota do Metrô não comenta se o mecanismo de emergência referido é o SPAP nem quais as suspeitas de autoria do acionamento. O sindicato informou que o sistema só foi normalizado “após o reset no comando em todas as estações do trecho”.

Passageiros

A Linha 1-Azul transporta, em média, 1,38 milhão de passageiros por dia. Os primeiros problemas foram sentidos entre os trechos Luz e Vila Mariana, por volta das 9 horas desta terça. Pouco tempo depois, a paralisação se espalhou, atingindo toda a linha.

Os funcionários informavam aos usuários que a linha estava paralisada por falta de energia. Do lado de fora das estações, como a São Joaquim e a Vergueiro, havia filas de passageiros que tentavam pegar ônibus – o Metrô acionou o programa de auxílio com ônibus de empresas que servem as linhas municipais (Paese) – ou táxi. Na Rua Vergueiro, a paralisação do metrô provocou bastante trânsito.

Marina de Araújo Menezes, de 59 anos, estava dentro do trem por volta das 9 horas quando ele parou e os passageiros tiveram de deixar os vagões e seguir pelos trilhos até a estação mais próxima. “Evacuaram o trem e tivemos de andar por uns cinco minutos até a São Joaquim”, diz. Ela saiu do Jabaquara e seguiria até a Estação das Clínicas, na Linha Verde. “Perdi minha consulta médica por causa desse atraso. Estou há 20 minutos tentando pegar um táxi, mas eles estão todos lotados”, disse Marina.

A estudante Carina Araújo, de 22 anos, tentou embarcar pela manhã na Estação São Joaquim para ir ao Jabaquara, onde faz faculdade. “Disseram que a gente não podia embarcar, mas não informaram o motivo. Estou há 20 minutos esperando pelo ônibus que disseram que nos levaria até o Jabaquara, mas ele não passa”, disse.

Com o ponto de ônibus em frente à estação cheio, alguns passageiros tentavam pegar táxi para chegar ao destino. “Estou há 15 minutos tentando um táxi, mas eles já chegam cheios. Tinha uma consulta às 10h15 no Hospital das Clínicas, mas já estou atrasada”, contou a aposentada Lourdes Azevedo, de 63 anos. Ela saiu de casa, no Carandiru, às 8h30, e iria fazer baldeação para a Linha 2-Verde, na Estação Paraíso, para seguir até as Clínicas.

Monotrilho

Nesta terça, o Metrô também teve de interromper a operação assistida em quatro estações do monotrilho da Linha 15-Prata. As Estações São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União, que foram inauguradas no início de abril na última semana de gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que renunciou ao cargo para a disputa da Presidência, foram fechadas nesta terça.

A companhia disse que “as equipes de manutenção do Metrô e da empresa fornecedora estão atuando para consertar o equipamento com falha e que ainda está na garantia técnica”. O Metrô acrescentou que a operação assistida do trecho é “necessária para permitir a maturação dos equipamentos”. A linha tem funcionamento regular entre as Estações Oratório e Vila Prudente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.