Funcionário número 2 do LinkedIn no Brasil, Milton Beck ingressou como executivo da plataforma em 2012, quando a rede tinha um pouco menos de 5 milhões de perfis. Em suas visitas às empresas, os responsáveis pelo setor de RH tinham basicamente suas demandas. Pediam para retirar os perfis dos funcionários da companhia e gostariam de ser avisados quando um colaborador atualizasse suas informações. O motivo era claro: evitar a saída dos trabalhadores, pois o LinkedIn era o canal efetivo de busca por profissionais, além do tradicional recebimento do currículo por e-mail. Essa busca ativa era vista como antiética. Corta para 2024.

Depois de um trabalho intenso para mudar esse cenário, o LinkedIn acaba de bater a marca de 75 milhões de usuários no Brasil — 7,5% dos 1 bilhão em todo mundo — e se consolida como o terceiro maior mercado do mundo da plataforma, atrás apenas de Índia (2º) e Estados Unidos (1º). “Quem não está no LinkedIn hoje está quase invisível para o mundo corporativo”, afirmou Beck, que em agosto completa 8 anos como diretor-geral do LinkedIn para América Latina e África.

A evolução continua, com cerca de 20 mil novas páginas por dia, quase 150 mil por semana. Com uso muito diferente de uma década atrás, quando empregados e empregadores não sabiam utilizar o potencial da plataforma e a utilizavam apenas para preencher vagas e procurar emprego. Atualmente com uma melhor noção de seu papel na rede, companhias e profissionais exploram a ferramenta para branding, relação e negócios B2B, e desenvolver aprendizado.

Os tipos de trabalhadores também mudaram. Se no começo da jornada do LinkedIn estavam por lá os cargos do meio da pirâmide de organizacional, como analistas e gerentes, com o pessoal do operacional e do comando de fora dessa conversa, hoje tem a base e o topo da pirâmide presente — e atuante.

As demandas, obviamente, também evoluíram. Os pedidos são para ter mais funcionários cadastrados na rede, dicas de como aparecer mais na plataforma, como ter uma presença mais executiva, de que maneira os posts podem ter mais engajamento. “A evolução das conversas com os setores de RH foi substancial nesse período”, disse Beck. “E mais: o interesse das empresas brasileiras por soluções e os problemas que elas nos trazem para resolver são similares aos de corporações da Europa, dos Estados Unidos e da Ásia. Isso mostra nosso grau de maturidade”, frisou o diretor.

LinkedIn tem em sua plataforma a tecnologia embarcada da Microsoft, que comprou a rede em 2016. Destaque para o Copilot, seu assistente de chatbot lançado ano passado (Crédito:Michael M. Santiago)

De fato, o Linkedin deixou de ser a ferramenta usada pelos chamados information workers, os que trabalham na frente de um computador, para ter um leque gigantesco de profissionais que querem mostrar sua atividade, seu talento e suas habilidades.

Para se ter ideia da diversidade, atualmente são 237 mil perfis de enfermeiras(os), 140 mil mecânicos(as), 106 mil garçonetes/garçons, 25 mil maquiadoras(es) e 500 palhaços profissionais. A maioria em busca de conhecimento, conexões e oportunidade de desenvolvimento de carreira. “E inclusive, eventualmente, mudando de emprego também”, pontuou Beck.

Tem atraído uma gama de diferentes profissionais e de diferentes gerações. A Geração Z, que em 2010 formava 2,5% dos perfis na rede, hoje é de 40%.

Gabriel Marques, de 26 anos, é um deles. Ele é estrategista de mídias sociais, uma das 25 profissões em alta para 2024, de acordo com levantamento do LinkedIn. Entrou na plataforma logo que ingressou no mercado de trabalho.

“Percebi a importância de construir minha rede profissional. Isso era essencial tanto para buscar vagas de emprego, quanto para aprender mais sobre as funções e setores que me interessavam”, disse Marques, que inicialmente se conectou com colegas de sala de aula e professores, seguiu profissionais e empresas onde gostaria de trabalhar um dia. Candidatou-se a uma vaga que soube pela rede, foi contratado e está prestes a completar um ano na agência.

Em seu perfil, compartilha dicas de cursos, projetos de impacto de empresas que admira e informações relevantes para sua área de atuação. “Acompanho de perto os Top Voices [especialistas convidados pelo LinkedIn] da Geração Z, especialmente aqueles que falam sobre diversidade, porque sinto que esses conteúdos são mais próximos da minha realidade”, afirmou o estrategista, que se descreve na rede como “criativo, negro, curioso, inquieto, cinéfilo, gamer, redator, publicitário e o que der mais pra ser”. E “sempre sujeito a alterações”, complementou ele. Assim como o LinkedIn.

“Construir minha rede profissional era essencial tanto para buscar vagas de emprego, quanto para aprender mais sobre as funções e setores que me interessavam” Gabriel Marques estrategista de mídias sociais (Crédito:Divulgação )

EVOLUÇÃO

Se as empresas e os profissionais se desenvolveram, foi porque o LinkedIn também se desenvolveu. Era mais estático, com criação dos perfis que ficavam parados. A implementação dos Top Voices, equipes editoriais da própria rede que fazem curadoria de notícias, criação de uma vertente educacional com 21 cursos disponíveis e a evolução para uma plataforma de publicidade foram alguns dos fatores que alavancaram os conteúdos.

A ponto de a rede ser hoje o canal de informação e divulgação de notícias e dados em primeira mão. O histórico show da Madonna, em Copacapana (RJ), no dia 4 de maio, com presença de 1,6 milhão de pessoas, foi anunciado primeiramente no LinkedIn. Saídas de executivos, contratações de CEOs, dados de mercado, iniciativas corporativas… Muita informação é veiculada em primeira mão na plataforma.

E agora entra a fase da Inteligência Artificial. Por um lado, são oferecidos 600 tipos de treinamentos para utilização desse tipo de tecnologia. Por outro, a aplicação de IA no negócio do LinkedIn para facilitar a busca por profissionais que se encaixam nas vagas. E ainda a ferramenta para auxiliar o usuário a melhorar seu perfil ou a que funciona como uma espécie de coach.

Nessa linha, o profissional relata onde está posicionado no mercado de trabalho e onde quer chegar. A solução responde qual o caminho percorrer e o que deve ser feito para alcançar o objetivo, em algo muito parecido com uma consultoria de carreira.

Com uma vantagem em relação às redes concorrentes: a tecnologia embarcada da Microsoft e o seu assistente Copilot, lançado ano passado e que representa um marco na evolução em IA da companhia, dona do LinkedIn desde 2016. Assim o LinkedIn chega a 75 milhões de usuários e atualiza seu próprio perfil no Brasil.