30/05/2012 - 21:00
Uma nova ofensiva econômica para evitar os efeitos nefastos da crise europeia deve blindar o mercado interno brasileiro. Medidas de porte e cunho desonerador foram lançadas na semana passada pelo governo com o intuito de aquecer o consumo. No essencial, o IPI do carro popular foi zerado, linhas de financiamento alongadas e taxas de juros reduzidas, até para a aquisição de máquinas e equipamentos que dinamizem o parque fabril. É mais uma safra de benevolências oficiais. E ela é posta agora à disposição porque o País tem decerto muito estoque de armamento antirrecessão para usar, mesmo antes da chegada de qualquer ameaça de contaminação de pragas externas.
O ministro Guido Mantega admitiu estudar outras medidas adicionais para injetar liquidez no campo do crédito habitacional e da inadimplência bancária. Para além desse esforço, o fato absolutamente inegável é que o Brasil vem mostrando nos últimos anos, e mesmo na atual conjuntura, que está mais preparado do que nunca para adversidades econômicas, construindo um mercado pulsante, diferenciado e com potencial de crescimento pela frente. “Estamos 300% preparados para a crise”, disse a presidenta Dilma. A plataforma em que ela se baseia para esse argumento exibe sinais concretos de solidez. A começar pelo colchão de mais de US$ 370 bilhões em reservas que garante recursos oficiais para qualquer socorro.
É quase equivalente ao empréstimo-ponte monumental buscado pela Europa junto a organismos multilaterais para sair da encalacrada em que está. O Brasil não precisa procurar lá fora tanta ajuda. Possui recursos próprios disponíveis para se cuidar. Do mesmo tamanho é o volume de dinheiro disponível em compulsório bancário que barra qualquer risco de crise sistêmica do sistema financeiro nacional. Porém o mais importante é a situação de demanda interna forte e em expansão, com a incorporação de novos consumidores. O País vive hoje quase no pleno emprego. A massa de potenciais compradores das classes emergentes subiu exponencialmente. Uma pesquisa do Instituto Internacional de Finanças (IIF) estimou que, em 2013, no ritmo atual, o Brasil poderá ter uma expansão econômica da ordem de 5,2% no ano. Os ventos seguem favoráveis.