01/10/2017 - 10:40
Na hora de escolher o que vai ler para os filhos, a médica baiana Vanessa do Vale, de 39 anos, procura um livro que a sensibilize de alguma maneira. “Pode ser a narrativa, os personagens, a ilustração ou um projeto gráfico diferente. Primeiro é realmente a questão de empatia: mas a minha empatia com aquela obra. Depois, penso se o livro vai mexer com eles de alguma forma, se vão pensar em algo sobre o tema, aprender, se divertir ou se identificar”, conta a mãe de Antonio, de 8 anos, e de Francisco, de 3 anos.
Vanessa conta que o hábito da leitura em casa faz com que os meninos já tenham um vasto repertório de literatura. Ela conhece os gostos e as preferências de cada um e também se empenha em oferecer obras que ampliem as referências das crianças. Livros com temas mais difíceis não são deixados de fora, como ‘O Coração e a Garrafa’, do autor irlandês Oliver Jeffers, que fala sobre a morte e como lidar com esta perda. “É um jeito de colocar o assunto, parar de fingir que não existe”, afirma Vanessa.
Para ela, a leitura com os filhos traz ainda outro ganho: o compartilhamento do momento, da companhia. “A primeira vez que li para o Antonio o conto ‘A Pequena Vendedora de Fósforos’ (do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen), ele adormeceu no meio e eu achei ótimo, porque não parava de chorar”, conta a mãe sobre o clássico conto, que apresenta um final dramático para a história da menina que luta pela sobrevivência em um rigoroso inverno. “No dia seguinte, ele pediu a história toda, e fui me segurando, mas não aguentei de novo e desabei. E, no fim, vi que tudo bem. Foi bacana me emocionar com ele, dividir isso.”
Para o escritor Ilan Brenman, a troca de emoções e a ampliação dos vínculos são aspectos fundamentais da literatura para crianças. “Além da empatia com os personagens ficcionais, há também estreitamento do vínculo afetivo e social com aqueles que leem e contam histórias em voz alta.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.