08/11/2025 - 14:00
Com investimento de dezenas de milhões de reais, a Live! passará a operar, ainda no início do ano de 2026, um pavilhão de expedição de pedidos totalmente automatizado e sem trabalho humano – decisão que a gestão tomou após estudar minunciosamente inovações que não corriam o risco de se tornarem defasadas em meses ou poucos anos.
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O pavilhão 100% robotizado, nos moldes como a empresa irá operar, foi inspirado em operações da Shein em outras geografias. Atualmente outras empresas utilizam algum nível de automação, contudo a Live! será a primeira companhia da América Latina a ter uma estrutura nesse nível de complexidade.
Apesar da inspiração na Shein, a companhia que possui um parque fabril de 80 mil metros quadrados em Jaraguá do Sul (SC), terra da WEG, é quase que diametralmente o oposto da gigante do varejo de e-commerce.
“Eu falo que nós somos o oposto do fast fashion porque a gente, antes de tudo, faz um produto para durar, e eu acho que o fato de ser durável, ter um produto que tem uma uma vida longa de uso, já é por si só algo mais sustentável”, comenta Joice Sens, fundadora, Diretora Criativa e CMO da Live!.
No ano de 2025, a companhia caminha para acumular um faturamento acima de R$ 1 bilhão pela primeira vez em cerca de duas décadas de história, em uma estratégia que é mais focada na presença física e em lojas conceito – atualmente, menos de 30% da receita da empresa vem do e-commerce. Em 2023, o faturamento da empresa havia ficado na casa dos R$ 500 milhões.
Atualmente a empresa opera com uma rede de mais de 370 lojas, das quais a maioria são franquias. No Sudeste, serão 182 lojas, das quais 70 serão própria e 112 de franqueados. No Sul, berço da empresa, serão 81 lojas, sendo 18 próprias e 63 de franqueados.
A companhia já atua nos 27 estados do Brasil e opera também pontos de venda fora do país, em casos mais pontuais e considerados estratégicos – com lojas em Miami, Bangkok e Asuncion, além de operar um corner de vendas dentro do Dubai Mall, maior shopping da cidade localizada nos Emirados Árabes.

Parcerias com XP e tênis Veja
Dentre os desafios da marca estiveram, inclusive, ganhar reconhecimento pelo seu nome. A parceria com a XP – que deu fruto ao Live! Run XP – fez com que a empresa chegasse mais nos corredores, um dos seus públicos-alvo.
Contudo, a empresa relata que nas primeiras edições há cerca de três anos atrás, cerca de 75% dos inscritos afirmaram não conhecer e ou ter interagido com a marca.
As parcerias e ativações análogas fizeram com que a Live! passasse a ter uma conexão maior com o público Classe A que, nos últimos anos, passou a ligar muito mais para performance e saúde, em ode à forte tendência de wellness & performance que tem feito companhias dos mais diversos ramos aumentarem ou redesenharem seus portfólios.
Esses movimentos de marketing vão desde os eventos de corrida à collabs de produtos em si. A empresa também investiu forte em outro ‘queridinho’ da Faria Lima: o tênis Veja, antigo Vert.
Após um diálogo da gestão com a operação nacional da companhia que é de origem francesa, a Live! fechou uma collab para o modelo Condor 3, disponibilizando modelos do tênis de corrida com cores exclusivas para as lojas da marca. O preço é de R$ 990.
Própria linha de tênis
A empresa lança oficialmente em novembro a sua própria linha de tênis, chamada de Live! Footwear.
Serão modelos focados em performance, com tênis de corrida que terão preços similares aos da collab e um portfólio com modelos indicados para corridas de leve a média intensidade – como de 5 a 10 quilômetros – até alta intensidade.
O foco em performance fez com que a empresa priorizasse atributos como cabedal 100% em poliéster e modelos com peso em cerca de 250 gramas.
O Live! Loop, um dos modelos da linha da marca, custará R$ 799, terá quatro cores disponíveis e tamanhos do 34 ao 42. Em ode aos investimentos em P&D da empresa, o tênis traz algumas tecnologias patenteadas e desenvolvidas dentro de casa, com cabedal que promove alta ventilação e sistema de amarração que evita que o cadarço desamarre durante uma corrida.

Assim como outros modelos de tênis e outros produtos do portfólio como um todo, o tênis foi desenhado não para ser algo exclusivamente voltado para performance, mas algo que tenha uma estética agradável e clean o suficiente para ser usado também no cotidiano, com roupas casuais.
Roupa de academia também pode ser chique
A Live! – assim como outros players do mercado – aposta em um portfólio com produtos com uma estética ligeiramente casual, o que em termos de branding faz com que a empresa seja vista não necessariamente apenas como uma loja onde se compra roupa de correr.
O athleisure foi explorado nos anos 2010 por gigantes como Nike e Adidas, mas ressurgiu com um novo rosto nos últimos anos.
Como mostrou a IstoÉ Dinheiro, a ascensão de companhias como a Insider fez com que o mercado passasse a olhar com outros olhos para peças que unam estática e performance, com produtos com ticket mais alto, maior durabilidade e um leque de atributos maior – como tecido anti–odor.
Na Live!, praticamente 8 a cada 10 funcionários são mulheres, e mulheres ocupam mais de 60% dos cargos de liderança. Além dessa proporção da porta para dentro, a empresa também viu – e ainda vê – uma dominância feminina no seu público consumidor.
Atualmente, apenas cerca de 10% das vendas da companhia são de produtos para homens.
Tecido com fibras recicladas
Ainda que fabrique de 30 mil a 35 mil peças ao dia, a empresa mira práticas sustentáveis, com uma operação sustentada por fontes de energia renováveis e tecidos tecnológicos.
Em 2024, a empresa lançou um tecido 100% reciclado. Batizada de Fit Green, a malha de alta performance tem média compressão, zero transparência e elasticidade, sendo confeccionada com fibras recicladas.
Na confecção a empresa usa fibras recicladas, que variam conforme a peça – podendo ser de 84% poliamida + 16% elastano, por exemplo.

O repórter viajou a convite da companhia
