Após seis anos do fechamento da editora Cosac Naify é possível encontrar seus livros por até R$ 2.800. É o caso de David Copperfield, de Charles Dickens. Alguns donos das publicações mantém os exemplares ainda embalados. São obras que se tornaram relíquias pela raridade e valor de venda.

Um box de Contos Completos de Liev Tolstói, com três volumes, chega a ser vendido por R$ 2.500. O combo de Guerra e Paz, por R$ 1.400. Nem os livros usados escapam da valorização. Nos sites de produtos de segunda mão, os livros da editora custam de R$ 300 a R$ 500.

Entre os vendedores, pessoas jurídicas com catálogos no Mercado Livre, Amazon e Shopee. É possível encontrar os produtos em pequenas livrarias e sebos e com pessoas físicas que aproveitam a oportunidade para lucrar.

+ Venda de livros no primeiro semestre aumenta 48,5% em relação a 2020

Quem adquire as publicações normalmente gosta de arte e celebra a aquisição nas redes sociais. Muitos apreciadores não tinham condições financeiras de comprar os livros quando a editora ainda funcionava.

“Uma das características que fez Cosac Naify ter qualidade reconhecida de forma quase unânime é ter aliado a escolha por gráficas de excelência – como a Ipsis, que tem vários projetos vencedores no Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica —, o investimento em equipe editorial, com editores, produtores e designer editoriais muito qualificados. O resultado é percebido tanto na qualidade do material, quanto em uma dimensão conceitual: a materialidade corresponde a um conceito”, disse Luciano Guimarães, professor de Design Editorial da Universidade de São Paulo (USP) ao portal G1.

No livro A fera na Selva, a gramatura do papel aumenta a cada 8 páginas e o tom escurece a cada duas, conforme a história se torna tensa. Ao final, há uma inversão das cores. O fundo prateado torna-se preto e o texto preto converte-se em prateado, quando o protagonista passa por um momento revelador sobre sua ‘fera.

A maioria dos livros no Brasil utiliza papel offset, com gramatura entre 75 e 90 g/m2 e formato de 14 x 21 cmA Cosac não tinha papel, gramatura ou formato específicos, de acordo com o portal de notícias. Cada obra era feita com um tipo de papel correspondente ao seu conteúdo e proposta. Algumas obras ainda não foram relançadas por outras editoras no país.