Um é publicitário. O outro é jornalista. Amigos há 25 anos, Ricardo Bornhausen, sobrinho de Jorge Bornhausen (ex-governador, ex-senador, ex-ministro e ex-presidente do PFL, hoje DEM), e Pedro Sirotsky, herdeiro do grupo de comunicação gaúcho RBS, tinham uma paixão comum e queriam fazer dela um negócio. Ricardo e Pedro são apaixonados pelos “big books” ou “collector’s books” (livros de colecionadores), que se tornaram notórios pelo sucesso da editora alemã Taschen – que completa 30 anos e fez história no mercado editorial com o lançamento dos livros de fotos de Helmut Newton e Muhammad Ali, em 1999 e 2003, respectivamente. 

 

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Editores de luxo: Pedro Sirotsky (à esq.) e Ricardo Bornhausen se inspiraram na editora alemã Taschen para criar a Toriba

 

Há cerca de três anos vislumbrando um nicho inexplorado no País, o de livros de luxo, resolveram montar uma versão brasileira da editora europeia. Assim nasceu a Toriba, que emprestou da Alemanha a sua vocação e do tupi-guarani a sua alma e nome, “que significa estado de felicidade, de alegria”, como explica Bornhausen. 

 

“Depois que o Benedikt Taschen deu o pontapé inicial nesse mercado de livros limitados, numerados, assinados e, evidentemente, caros, o mercado se ouriçou. Hoje, os livros da Taschen custam US$ 15 mil ou mais. O mercado de luxo crescendo no País e a falta de uma empresa nos mesmos moldes da Taschen aqui nos animou”, diz Bornhausen, com exclusividade 

à DINHEIRO. 

 

Os dois sócios já investiram cerca de R$ 2 milhões na criação da editora, que tem sede em Florianópolis (SC). “É importante salientar que a Toriba será uma editora que não trabalhará com a abundância, mas com a escassez”, afirma Sirotsky. 

 

O que Sirotsky quer dizer é que cada título da Toriba terá tiragem média de cerca de dois mil exemplares. Os livros terão formato gigante, cerca de 50 cm x 50 cm, vão pesar aproximadamente 40 quilos e terão entre 600 e mil páginas. E o preço mínimo de cada título será de E 3 mil. 

 

“Vendida toda a edição de um título, não mais poderemos colocar à venda uma nova”, diz Sirotsky. “Isso, inclusive, está nos contratos que firmamos com parceiros e clientes”, completa Bornhausen. 

 

Os dois definem o produto da editora não somente como livros. “É um livro-patrimônio, para deixar para filhos e netos. Até porque, com o passar do tempo, ele será valorizado. É para colecionadores”, diz Bornhausen. 

 

O editor lembra do caso de dois empresários brasileiros, conhecidos seus, que tratam seus livros gigantes com um inusitado cuidado e admiração e que ele classifica como potenciais consumidores da Toriba. “Um mantém seus 16 exemplares dentro das respectivas caixas. E outro pede à governanta que vire uma página por dia do livro, que fica localizado num pedestal.” 

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Os primeiros títulos que estarão disponíveis são: Nação (sobre o Corinthians), Yellow Book (sobre a seleção brasileira) e Rei (sobre o cantor Roberto Carlos)  

 

O conceito de livro-patrimônio, que se valoriza, exemplifica-se com o caso do leilão da edição do peso-pesado Sumo, 30 quilos, realizado em Berlim. O exemplar de número 1, assinado pelo autor, o fotógrafo Helmut Newton, e mais 100 celebridades que tiveram suas fotos estampadas na edição, alcançou o valor de US$ 430 mil (o preço do livro na editora era de US$ 15 mil). E isso somente meses depois de ser lançado.

 

O primeiro título a chegar ao mercado da Toriba, em meados do primeiro semestre de 2011, será Nação, dedicado ao Corinthians. Por que um livro de luxo sobre uma marca popular? “Olha, ninguém se preocupou em saber se os torcedores do Arsenal eram todos ricos, quando lançaram o big book do time inglês. 

 

E é sabido que a maioria de seus torcedores é de operários. O Corinthians é um timaço. Portanto, é luxo”, diz Bornhausen. Depois serão lançados  outros títulos inspirados em fenômenos populares e com roupagem luxuosa, como o Yellow Book (sobre a camisa da seleção brasileira), Rei (com o cantor Roberto Carlos), Emerson (retratando o campeão mundial de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi) e Fenômeno (sobre o Ronaldo).

 

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Bornhausen explica que os títulos poderão ter ações especiais. “O número 1.970, do Yellow Book, pode ter a assinatura dos campeões de 70.” Quem já está assinando todos os 4.014 livros – 2.014 para o mercado brasileiro e 2.000 destinados a outros países — da camisa da seleção é João Havelange. 

 

“Os exemplares do livro Nação serão assinados por Roberto Rivelino, Basílio, Sócrates, Neto e Marcelinho Carioca”, afirma Bornhausen, um flamenguista roxo. Ele confirma a negociação do livro do time carioca. “E, em 2012, já acertamos o lançamento do livro do Santos, para comemorar o centenário do time. Mas quero deixar claro que não vamos nos restringir só a futebol”, afirma Sirotsky. 

 

Os livros gigantes da Toriba serão vendidos somente pelo site da editora (www.toriba.com.br). “O consumidor fará sua encomenda pelo site e terá o direito de escolher o número do seu livro. Para isso terá de pagar uma taxa extra”, explica Bornhausen. O empresário avisa que o valor poderá ser parcelado.