LONDRES (Reuters) – Liz Truss disse nesta quinta-feira que está renunciando ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido, derrubada por seu programa econômico que abalou os mercados e dividiu seu Partido Conservador apenas seis semanas depois de sua nomeação.

Em discurso do lado de fora da residência oficial em Downing Street, Truss admitiu que perdeu a confiança de seu partido e disse que deixará o cargo na próxima semana, tornando-se a primeira-ministra com o mandato mais curto da história britânica.

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Truss, que havia dito na quarta-feira que era uma “lutadora e não uma desistente”, afirmou aos jornalistas reunidos em Downing Street que percebeu que não poderia mais cumprir as promessas que lhe renderam a liderança conservadora.

“Por isso, falei com Sua Majestade, o Rei, para notificá-lo de que estou renunciando ao cargo de líder do Partido Conservador”, disse Truss, que estava acompanhada apenas por seu marido, sem a presença de assessores e ministros.

Uma nova eleição de liderança será concluída na próxima sexta-feira, 28 de outubro. Entre os que devem concorrer estão o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak e a ex-ministra da Defesa Penny Mordaunt.

Jeremy Hunt, o homem trazido para resgatar as finanças públicas, descartou concorrer.

Membros do partido e parlamentares conservadores devem ter voz na escolha. Uma pesquisa no início desta semana mostrou que a maioria dos membros quer a volta do ex-primeiro-ministro Boris Johnson, que renunciou em julho.

O Reino Unido não deve realizar uma eleição nacional por mais dois anos.

Nomeada em 6 de setembro, Truss foi forçada a demitir seu ministro das Finanças e aliado político mais próximo, Kwasi Kwarteng, e abandonar quase todo seu programa econômico depois que seus planos de grandes cortes de impostos não financiados derrubaram a libra e os títulos britânicos. Os índices de aprovação para ela e o Partido Conservador caíram.

Na quarta-feira, ela perdeu a segunda dos quatro ministros mais importantes do governo, enfrentou risos ao tentar defender seu histórico no Parlamento e viu parlamentares discutirem abertamente sobre políticas, aprofundando a sensação de caos em Westminster.

O novo ministro das Finanças, Hunt, agora está buscando cortar dezenas de bilhões de libras em gastos para tentar tranquilizar os investidores e reconstruir a reputação fiscal do Reino Unido enquanto a economia entra em recessão e a inflação atinge a máxima de 40 anos.

Ele deve entregar um novo orçamento em 31 de outubro. O novo primeiro-ministro será escolhido na sexta-feira, 28 de outubro.

(Por Elizabeth Piper e Andrew MacAskill e Muvija M)

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