14/09/2011 - 21:00
Papéis avulsos
A Lojas Americanas anunciou na sexta-feira 2 que pretende captar até R$ 734 milhões para investir na expansão orgânica de sua rede, dentro do plano Sempre Mais Brasil. Desse total, R$ 292 milhões serão captados por meio de uma emissão de debêntures conversíveis em ações e os restantes R$ 442 milhões virão de um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As debêntures terão prazo de seis anos, vão pagar juros anuais fixos de 13,15% e serão conversíveis em ações. Serão emitidas 152 mil debêntures, cada uma com valor unitário de R$ 1.925 e poderão ser convertidas em ações preferenciais a uma cotação de R$ 19,25. Os recursos levantados serão investidos na expansão orgânica da rede de lojas e em sistemas e tecnologia.
Luiz Cesta e Marco Richieri, analistas da Votorantim Corretora avaliam positivamente a operação e recomendam a compra dos papéis. Pelos cálculos da dupla, a Lojas Americanas precisará de R$ 716,9 milhões nos próximos dois anos para concluir seu plano de expansão. “Com a emissão e a linha de crédito, a empresa tem a quase totalidade dos recursos necessários para as inaugurações”, afirmaram em relatório. Para Cesta e Richieri, considerando-se o valor da emissão e o preço de conversão, as debêntures vão diluir as participações acionárias correntes em até 2%. Com isso, o preço-alvo para os papéis recua de R$ 21,40 para R$ 21,36. “Podemos dizer que praticamente não houve alteração”, escreveram eles. Procurada, a direção da Lojas Americanas não deu entrevista.
Quem vem lá
Rodovias do Tietê no rumo da Bolsa
A Concessionária Rodovias do Tietê, que explora estradas no oeste paulista, enviou para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido de registro de companhia aberta. Quando divulgou os resultados do semestre, a empresa já havia informado planos de captar até R$ 350 milhões em debêntures e R$ 355 milhões via BNDES.
Fique de olho: A captação servirá para investir e abater dívidas de curto prazo. A empresa ampliou seu prejuízo para R$ 5,9 milhões no primeiro semestre de 2011.
Touro x Urso
O mercado entrou animado em setembro. Até a quinta-feira 8, o saldo foi uma valorização de 2% no Ibovespa. No pregão pós-feriado a Bolsa subiu 1,8%, com os investidores otimistas com a ata do Copom, que indica novos cortes de juros. Na agenda do mercado está a pesquisa mensal do comércio de julho, prevista para a terça-feira 13 e os preços ao produtor e ao consumidor, ambos referentes a agosto, divulgados na terça 6 e na quarta 7, respectivamente.
Educação financeira
No livro Negócios S/A – Administração na Prática, Paulo e Márcio Buchsbaum explicam o mundo dos negócios e contam casos de empresas como Microsoft e Coca-Cola que podem ser aproveitados pelos empreendedores. Editora Cengage Learning, 546 páginas, R$ 95,90.
Internet
XP leva a InfoMoney
A XP Investimentos, empresa que concentra educação financeira e corretora de valores, anunciou, na quinta-feira 8, a compra do portal de notícias financeiras InfoMoney. O valor não foi divulgado, mas a companhia afirmou que pretende investir R$ 5 milhões para modernizar o portal e lançar novas ferramentas. A expectativa é de que a aquisição ajude a XP, de Guilherme Benchimol, a triplicar o número de contas abertas pela internet em um ano, que hoje está em 100 novos cadastros por dia. A compra é mais um artifício da corretora para se destacar num mercado de alta concorrência, no qual a entrada de investidores vem sendo freada com a bolsa em baixa.
Destaque no pregão
Carga paulista na AES Tietê
A AES Tietê, empresa paulista de geração de energia, informou, na terça-feira 6, que o Estado de São Paulo cobrou, judicialmente, a obrigação de expandir a sua capacidade instalada da companhia em 15% até setembro de 2013. A AES Tietê terá 60 dias para apresentar seu plano para cumprir essa exigência e informou que deverá contestar a ação na Justiça.
Palavra de analista: Leonardo Zanfelício, analista da corretora Concórdia, disse em seu relatório que a notícia é negativa, pois indica uma forte pressão do Estado sobre a empresa. Contudo, ele disse acreditar que a AES Tietê ofereça a geração de energia termoelétrica como alternativa, pois não há oferta suficiente de recursos hídricos no Estado para projetos de grande porte. Ele mantém um preço-alvo de R$ 27,78 para as preferenciais da AES Tietê, que provisionou dividendos de 112% do lucro no segundo trimestre.
Mercado em números
BM&FBovespa
R$ 2,23 trilhões – É o valor de mercado, no fim de agosto, das 377 empresas listadas na Bovespa, queda de 3,4% em relação aos R$ 2,31 trilhões do fim de julho.
Renda Fixa
R$ 6,4 bilhões - Foi o total captado com a renda fixa em agosto, segundo a Anbima. O destaque foram as debêntures e notas promissórias, que representaram 84% do total.
TIM
R$ 20 milhões - É quanto a Tim pretende investir para ampliar a capacidade de tráfego e serviços na rede. O valor será usado na troca da tecnologia e equipamentos.
Banese
R$ 200 mil – É o valor da multa aplicada pela Comissão de Valores Mobiliários ao Instituto Banese de Seguridade Social, que foi acusado de pleitear um posto reservado a acionistas no Conselho Fiscal do Banco do Estado de Sergipe.
Ecorodovias
14,3% – Foi quanto cresceu o tráfego de veículos nas concessões da Ecorodovias, nos oito primeiros meses do ano, ante o mesmo período de 2010. A alta do tráfego de veículos de passeio de 16,3%.
Pelo mundo
Ex-executivo do Citi confessa fraude
Gary Foster, que foi vice-presidente do Citigroup, assumiu ter desviado mais de US$ 22 milhões de fundos do banco ilicitamente. O ex-executivo confessou ter enviado dinheiro de diversas contas do banco para sua conta pessoal. Ele foi preso em junho e agora pode encarar uma pena superior a dez anos pelo roubo.
Fusão Volkswagen-Porsche fracassa
O acordo de fusão entre as montadoras Volkswagen e Porsche anunciado em março está perto de fracassar. A VW enviou um comunicado na quinta-feira 8 informando que a transação não deve ocorrer, pois questões legais tornam impossível quantificar o risco do negócio. As empresas devem discutir outras opções. O anúncio veio após o fechamento das bolsas e não afetou o preços das ações.
Furacão Irene abate lucro de aéreas
O furacão Irene derrubou os ganhos das companhias aéreas. Na terça-feira 6, a US Airways afirmou que o lucro cairá US$ 10 milhões e a Delta Air Lines pode perder US$ 15 milhões. No dia dos anúncios, as ações da Delta caíram 1,9% em Nova York, enquanto a US Airways perdeu 3,5%.
Personagem
À sombra de Kadafi
O banco ABC Brasil foi pego de surpresa, na semana passada, por uma decisão da Justiça Federal de São Paulo bloqueando as ações da instituição que pertencem ao controlador, o Arab Banking Corporation. A medida visa a cumprir sanções da ONU contra o ditador líbio Muamar Kadafi. O Banco Central da Líbia detém 59% do Arab Banking, que por sua vez possui 57% do ABC. O banco vai recorrer, diz o vice-presidente Sérgio Lulia Jacob.
Sérgio Lulia Jacob, do banco ABC Brasil: ”As sanções são injustas”
Qual o impacto do bloqueio das ações no ABC Brasil?
Nada muda nas nossas operações. Só está bloqueado o pagamento de dividendos ao Arab Banking Corporation. Os outros acionistas na bolsa de valores daqui recebem dividendos normalmente. Logo que a ONU adotou as sanções, em fevereiro e março, já tínhamos explicado a clientes e investidores que as sanções não teriam nenhum efeito sobre os negócios no Brasil. A maior parte do nosso funding é local, de investidores brasileiros e do BNDES. Temos um índice de Basileia de 15,5%, mais que suficiente para nossos planos de expansão. Estamos aqui há 22 anos.
Qual argumento vocês vão usar para questionar a decisão?
O Arab Banking Corporation, sediado no Bahrein e cujos acionistas são o Banco Central da Líbia e o governo do Kuwait, está presente em 21 países e nunca esteve na lista de sanções da ONU. Opera normalmente nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Comunidade Europeia. A única restrição é a proibição do envio de dividendos para o Banco Central da Líbia. Nunca o ABC Brasil nem o Arab Banking infringiram as resoluções da ONU.
Essa decisão não deixa a impressão de que o banco é controlado por Kadafi?
Nossos clientes e acionistas sabem muito bem que o banco não é e nunca foi controlado pelo Kadafi, sempre foi gerido por executivos contratados no mercado. O Arab Banking Corporation nunca serviu a projetos de investimento da Líbia e nunca teve nenhuma relação com o governo. Aqui, todos os executivos são brasileiros, não há nenhuma relação com o governo líbio.
Colaboraram Tatiana Bautzer e Lilian Sobral