O Reino Unido e a União Europeia vão “intensificar” suas discussões para superar suas divergências sobre as disposições pós-Brexit na Irlanda do Norte, que aumentam o temor de uma guerra comercial entre Londres e os 27 membros da UE, disse o governo britânico nesta sexta-feira (12).

Em uma reunião com o vice-comissário europeu Maros Sefcovic em Londres, o secretário de Estado britânico para o Brexit, David Frost, “destacou a importância de dar nova energia e novo ímpeto às discussões”, indicou o governo em um comunicado.

As negociações serão retomadas na próxima semana em Bruxelas, em particular sobre questões alfandegárias e entrega de medicamentos, disse a mesma fonte.

Londres exige uma renegociação completa do protocolo da Irlanda do Norte sobre o Brexit. O documento mantém a província britânica no mercado único europeu, mas atrapalha o abastecimento da ilha do Reino Unido, provocando a ira dos unionistas que querem que a Irlanda do Norte permaneça dentro da coroa britânica.

Bruxelas recusa, propondo apenas adaptações.

Diante da insatisfação, Londres ameaçou recorrer ao artigo 16 do protocolo, que lhe permite suspender unilateralmente algumas de suas disposições.

Segundo Dublin, os europeus poderiam até reagir suspendendo o acordo de comércio livre em vigor desde o início do ano, o que permitiu evitar in extremis um “no deal” potencialmente muito doloroso do ponto de vista financeiro.

Por enquanto, o governo britânico indicou que “há diferenças importantes entre as posições de ambas as partes”.

“O Reino Unido sempre prefere encontrar uma solução consensual, mas as garantias do artigo 16 são uma parte legítima das disposições do protocolo”, acrescentou.

Diante do crescente risco de conflito comercial, a Irlanda, na linha de frente, disse na terça-feira que trabalhará em medidas emergenciais para “tirar a poeira” do plano preparado em caso de “não acordo” no ano passado.

O protocolo em vigor desde o início do ano visa evitar o retorno de uma fronteira física à ilha da Irlanda que poderia enfraquecer o acordo de paz de 1998.

Londres exige, em particular, a supressão do direito de controle do tribunal de justiça da UE sobre o seu pedido, substituindo-o por “uma arbitragem internacional”, uma modificação inaceitável para os europeus.