12/09/2014 - 20:00
A indústria automotiva brasileira tem sido frequentemente criticada por produzir veículos de padrão inferior aos dos modelos americanos e europeus. Ainda que em termos de segurança e itens de série os carros nacionais estejam atrás de similares importados, o mercado brasileiro vem acompanhando as principais tendências globais. É o caso, entre outros, da transição do motor a combustão para os híbridos ou totalmente elétricos. Na quarta-feira 10, a alemã BMW deu início à venda do seu primeiro automóvel movido a eletricidade no País, o i3. O lançamento mostra que as montadoras enxergam um potencial de mercado para esse tipo de veículo mais ecológico.
Por outro lado, fica evidente a falta de condições para a popularização desses modelos por aqui. “Estamos longe de chegar ao nível de vendas verificado na Europa e nos Estados Unidos”, diz Arturo Piñeiro, CEO da BMW no Brasil. As razões para isso são várias. Como não são fabricados aqui, os automóveis chegam, em média, 50% mais caros ao consumidor. A versão mais simples do i3 custa R$ 225.950. O Prius, modelo híbrido da Toyota, está na faixa dos R$ 120 mil. O Ford Fusion Hybrid, principal concorrente do Prius, é encontrado por R$ 124.990.
Os incentivos fiscais também deixam a desejar. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, apenas sete Estados oferecem isenção do IPVA para esse tipo de automóvel. A francesa Renault não perde a oportunidade de reclamar da situação. “Os impostos incidem em cascata”, diz Sílvia Barcik, chefe do projeto de carros elétricos da empresa no País. A infraestrutura também é um problema. “A malha de abastecimento teria de ser totalmente refeita se todo mundo tivesse carro elétrico no Brasil”, diz Fernando Trujillo, da consultoria IHS.
No País, existem menos de 100 postos de recarga nas ruas. Na Europa, esse número é de 64 mil e deve superar 500 mil até 2020. Segundo estimativas das montadoras, essas barreiras limitam o potencial do mercado brasileiro de carros elétricos e híbridos a cerca de 800 unidades, neste ano. A meta da BMW de vender 100 unidades do seu i3 até o final do ano, consideradas as circunstâncias, parece até arrojada. Enquanto isso, na Europa, há 170 mil veículos do tipo. E a meta do bloco europeu é ter dez milhões de carros elétricos circulando pela região até 2020.