08/06/2005 - 7:00
O monograma mais desejado da high society mundial desembarcou de vez no Brasil. E trouxe junto suas malas e baús, repletos de letrinhas L e V, e um saco de planos de expansão de lojas e aumento de vendas. Na semana passada, a francesa Louis Vuitton anunciou que São Paulo, e não mais Buenos Aires, será a sua nova sede administrativa para América Latina e África do Sul. Os motivos são tão óbvios quanto fundamentais. São Paulo é, indiscutivelmente, a capital fashion da região. O Brasil está na moda. A economia nacional ? pelo menos para aquela parcela que pode pagar R$ 31 mil em uma taqueira de golfe ou R$ 700 em um porta-iPod ? está cada vez melhor. E a Argentina não tem mais tanta força econômica. ?O escritório regional foiinstalado em 2001 em Buenos Aires porque queríamos expandir a rede na região e não nos concentrar em um mercado especificamente. Esta etapa foi cumprida. Agora, vamos concentrar esforços no Brasil porque o potencial de crescimento aqui é maior?, diz o francês Frédéric Morelle, presidente da Louis Vuitton para América Latina e África do Sul.
A decisão da mudança já havia sido tomada há alguns anos, mas vinha sendo adiada porque a marca mantinha uma presidência forte no Brasil. Ou seja, não havia necessidade de concentrar dois comandos no mesmo lugar. Em maio de 2004, o principal executivo da marca no País, Marcelo Noschese, deixou repentinamente a empresa e abriu espaço para a concretização do plano. Primeiro, os negócios brasileiros passaram a ser geridos da capital argentina. Agora, não haverá mais uma presidência para o País ? só o comando regional, sediado em São Paulo.
Como não poderia deixar de ser, a grife escolheu a nova Villa Daslu como ponto de partida para sua expansão em solo brasileiro. A Louis Vuitton terá a maior loja do shopping de luxo, com 380 m2. Também será a única da marca a vender roupas femininas e não só artigos de couro, relógios e acessórios. ?Se formos bem na Daslu, venderemos roupas também nas outras unidades?, diz Morelle. ?As demais lojas (duas em São Paulo e uma no Rio) estão indo muito bem.? O executivo garante que o ponto do Shopping Iguatemi, em São Paulo, está entre os mais rentáveis do mundo por metro quadrado. ?A próxima loja deve ser em Brasília?, anuncia. Morelle foge dos cifrões. Não revela quanto foi investido na mudança, nem quanto faturam as lojas (no mercado, diz-se que a receita anual da marca por aqui é de US$ 15 milhões). Ele conta apenas que está otimista e que a expectativa de crescimento no Brasil é de dois dígitos nos próximos cinco anos.
O grupo que comanda a Louis Vuitton, o LVMH, é um gigante que administra várias grifes e marcas de bebidas e perfumes como Donna Karan, Givenchy, Moët & Chandon e Don Pérignon. Juntas, elas faturaram, em 2004, 12,6 bilhões de euros. A atuação do grupo está dividida em cinco zonas: Japão, Ásia, Europa, América do Norte e América Latina (que engloba África do Sul). ?A Louis Vuitton é forte no Japão e na Ásia. A América Latina é menor, mas sabemos que há mais espaço para crescer aqui?, diz Morelle. O especialista no setor de luxo, Carlos Ferreirinha, afirma que esse crescimento já começou: ?As vendas da marca avançam uma média de 25% ao ano no Brasil.?
? 12,6 bilhões foi a receita do grupo LVMH, dono da Louis Vuitton, no mundo em 2004