A Nvidia, fabricante de chips, registrou lucro de US$ 12,2 bilhões nos últimos doze meses terminados em 28 de janeiro. O montante representa uma alta de 779% ante o mesmo período anterior. Como resultado, as ações da companhia dispararam no pós mercado da Nasdaq, recuperando desvalorizações observadas em pregões anteriores à divulgação do balanço. Além disso, nesta sexta-feira, 23, o valor de mercado da empresa ultrapassou a marca dos US$ 2 trilhões.

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O lucro ajustado da gigante de tecnologia somou US$ 12,8 bilhões e ficou em US$ 5,16 por ação, o que significa uma valorização de 486% frente a um ano antes.

A receita da companhia foi de US$ 22,1 bilhões, uma alta anual de 265%, em número bem acima do previso por analistas da Factset, que esperavam uma receita em torno de US$ 20,4 bilhões. Ante o trimestre anterior, o crescimento foi de 22%.

Os números expressivos podem ser explicados pelas alta demandas por chips de inteligência artificial para servidores. Com maior valor agregado, eles permitiram à empresa ganhar mais de 10 pontos de marem bruta, que encerrou o trimestre nos 76,7%, ante 66,1% em 2023.

A principal vertente de crescimento de IA e que respondeu por mais de 83% das receitas da Nvidia, a área de data center cresceu 409%, para US$ 18,4 bilhões.

Além de fabricar chips e semicondutores, a Nvidia detém mais de 70% de participação de mercado na aceleração de datacenters, que são componentes de hardware projetados para realizados cálculos complexos por algoritmos de IA.

A divisão de jogos da empresa foi responsável por 13% das receitas, com vendas somadas em US$ 2,8 bilhões, um crescimento anual de 56%. As receitas do negócio de fabricação de hardware gráfico para aplicações profissionais subiram 105%, para US$ 463 milhões.

Por fim, o negócio automotivo foi um dos únicos que apresentaram queda de receitas, de 4%, para US$ 281 milhões.

“A computação acelerada e a IA generativa atingiram o ponto crítico. A demanda está aumentando em todo o mundo entre empresas, indústrias e nações”, disse o fundador e CEO da NVIDIA, Jensen Huang, na divulgação do balanço.

“Estamos extremamente felizes com os progressos alcançados nas vertentes da divisão Enterprise da empresa. Nossa expansão na região está em constante ascensão, e estamos empenhados em adotar uma estratégia voltada para crescimentos ainda mais significativos no futuro. Trabalhamos em estreita colaboração com nossos parceiros e clientes, alinhando esforços para alcançar nossos objetivos e proporcionar o que há de melhor em tecnologia atualmente disponível”, comemorou o diretor da divisão Enterprise da Nvidia para América Latina, Marcio Aguiar.

Para o gerente de portfólio de tecnologia da Janus Henderson Investors, Richard Clode, o debate de mercado em torno da Nvidia, desde meados de 2023, tem sido mais sobre a trajetória de crescimento nos próximos anos do que sobre os resultados sólidos apresentados pela companhia agora.

“Desde a CES, no início deste ano, e durante a noite, durante os resultados, a Nvidia percorreu um longo caminho para convencer o mercado de que não está prestes a se estabilizar tão cedo. Os principais vetores para isso são as transições geracionais em computação, a amplitude da base de clientes, as restrições contínuas de fornecimento, seu roteiro e o potencial para reacender um negócio na China”, analisa.

Ainda na avaliação de Clode, a confiança nos vetores de crescimento continua a impulsionar as estimativas de consenso do lado das vendas da Nvidia, que aumentaram mais de 400% em 2023, superando o aumento proporcional no preço das ações da companhia, o que, para o analista, manteve as valuations sob controle.

“Mesmo com o hype da IA, ao contrário de 2020, com o retorno do custo de capital, o mercado está recompensando as empresas que oferecem fundamentos sólidos e vemos o desempenho do preço das ações apoiado por lucros reais e fluxo de caixa como muito mais sustentável”, comenta.

Clode diz também que a base de clientes da Nvidia está se expandindo da concentração tradicional de hiperscaler em nuvem para empresas de vários setores, com a gerência destacando negócios multibilionários nos setores automotivo, de saúde e de serviços financeiros, por exemplo.

“Em seguida, há o recurso exclusivo da IA generativva, que é o desejo dos governos em todoo mundo para criar infraestrutura e capacidade de inteligência artificial soberana”, complementa.

Em nota divulgada na última terça-feira (20), analistas do Goldman Sachs chamaram a Nvidia de “a ação mais importante do planeta Terra”. O papel da companhia teve o melhor desempenho em 2023 do índice S&P 500.

Após o resultado da companhia, as ações da Nvidia saltaram quase 7% nas negociações no after market.

Nvidia já vale US$ 2 trilhões

A repercussão da divulgação do balanço da Nvidia gerou uma corrida por ações da empresa, o que fez com que o valor de mercado da companhia ultrapassasse US$ 2 trilhões.

Com esse valor, a empresa é a quarta mais valiosa do mundo, atrás apenas de Microsoft, Apple e Saudi Aramco.