O lucro líquido da estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) caiu 52,2% em 2009, totalizando 4,49 bilhões de dólares contra 9,41 bilhões em 2008, segundo dados do informe financeiro 2009 publicado nesta terça-feira.

Segundo a estatal, a queda ocorreu por conta da baixa dos preços do petróleo, apesar de, segundo analistas, também ter influenciado o peso dos custos operacionais e a “diplomacia petroleira” do governo de Hugo Chávez.

“Dois mil e nove foi um ano muito difícil, uma situação verdadeiramente complicada”, declarou em entrevista à imprensa o presidente da estatal, Rafael Ramírez, destacando o efeito da crise financeira internacional sobre os preços das matérias-primas.

Segundo o funcionário, a queda do lucro em 2009 se deve por um lado à baixa dos preços internacionais do petróleo e, por outro, aos cortes na produção ordenados pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), da qual a Venezuela faz parte.

De acordo com a PDVSA, em 2009, os preços de exportação mantiveram-se na média de 57 dólares por barril. Para se ter uma ideia, em 2008, esse preço chegava a 86,49 dólares.

No ano passado, a estatal registrou receitas de 74,996 bilhões de dólares, contra 126,364 bilhões em 2008.

A Petróleos de Venezuela PDVSA é uma estatal que se dedica à exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo, tendo sido fundada em 1º de janeiro de 1976.

É considerada a segunda maior empresa da América Latina, depois da Mexicana Pemex; em nível mundial, foi classificada pela revista internacional Fortune como a de número 35 entre as 500 maiores do mundo.

A exportação de petróleo representa aproximadamente 90% das receitas em divisas da Venezuela, que tem como principal comprador os Estados Unidos.

A companhia também informou que em 2009 registrou produção de 3,012 milhões de barris diários (mdb), dos quais exportou 2,682 milhões de barris contra 2,897 de 2008. No entanto, a Opep atribui à empresa produção de 2,32 mbd.

Em novembro passado, esta companhia pública, que financia os programas sociais do presidente socialista da Venezuela Hugo Chavez, já havia anunciado uma queda de 67% de seu lucro no primeiro semestre 2009, em relação ao mesmo período de 2008, devido à redução dos preços do petróleo.

No final do ano, sua dívida chegou a 21,41 bilhões de dólares, enquanto que o aporte ao Estado foi de 32,04 bilhões de dólares, uma queda de 42% em relação a 2008.

Desde 2007, o governo venezuelano do presidente Hugo Chávez desenvolveu uma política de nacionalizações das indústrias estratégicas, entre elas a de petróleo. Assim, foi instaurado um sistema de empresas mistas entre a PDVSA e companhias privadas estrangeiras das quais o Estado venezuelano possui, pelo menos, 60% do capital.

O presidente da estatal afirmou na coletiva que para 2010 não estão previstas novas emissões de dívida.

“As operações de futuros, as contas a cobrar dos países da Petrocaribe, a queda na produção petroleira e os custos crescentes influíram na queda do lucro”, afirmou à AFP o economista Orlando Ochoa.

“Os lucros caíram porque os gastos operacionais elevaram-se desproporcionalmente, basicamente por uma carga na folha de pagamento devido às estatizações compulsivas”, comentou, por sua vez, o analista petroleiro Rafael Quiroz.

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