O Itaú Unibanco anunciou nesta segunda-feira, 4, lucro líquido recorrente 43,1% menor no primeiro trimestre deste ano, para R$ 3,912 bilhões, ante o mesmo intervalo de 2019, impactado pelo aumento do custo de crédito que quase dobrou no período devido à pandemia do novo coronavírus. Em relação aos três meses anteriores, a retração foi ainda mais intensa, de 46,4%.

A queda do lucro do maior banco da América Latina ocorreu em meio aos maiores gastos com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, que cresceram em mais de R$ 4 bilhões no primeiro trimestre para suportar um reforço superior a R$ 7 bilhões no colchão para perdas. Como consequência, o custo de crédito da instituição atingiu R$ 10,1 bilhões no primeiro trimestre, salto de 73,6% quando comparado ao quarto trimestre de 2019.

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O presidente do Itaú, Candido Bracher, destacou que o banco está com seus esforços voltados para apoiar os clientes na crise e no “longo período de recuperação que virá”, mas que, para isso, o reforço de provisões foi necessário. “É fundamental manter um balanço forte e é com este objetivo que incrementamos significativamente nosso nível de provisões”, justifica o executivo, em nota à imprensa.

O reforço nas provisões também impactou de forma negativa a rentabilidade do banco. O indicador (medido pelo ROE, na sigla em inglês) foi de 12,8% no primeiro trimestre contra 23,7% no quarto. Há um ano, estava em 23,6%.

A carteira de crédito total do Itaú somava R$ 769,216 bilhões ao fim de março, elevação de 8,9% na comparação com dezembro como reflexo da maior demanda por crédito em meio à crise gerada pelo novo coronavírus. Em um ano, os empréstimos tiveram incremento de 18,9%.

O aumento do crédito foi impulsionado pelo desempenho da carteira de crédito para grandes empresas, que se apressaram em reforçar liquidez diante da pandemia. Segundo o banco, em março, quando a crise se intensificou no País, a originação de crédito para o atacado dobrou em relação ao mês anterior.

Com a maior expansão dos empréstimos, o banco Itaú chegou perto da marca de R$ 2 trilhões de ativos totais ao fim de março. A cifra exata era de R$ 1,982 trilhão, aumento de 14% ante dezembro. Em um ano, o aumento foi ainda maior, de 20%.

O patrimônio líquido do Itaú era de R$ 123,624 bilhões no primeiro trimestre, recuo de 6,3% ante o visto nos três meses antes e 3,2% maior em um ano.

A pandemia também fez o Itaú suspender as projeções de desempenho divulgadas para 2020. “A Administração entende ser prudente não divulgar novas projeções neste momento, até ser possível ter uma maior precisão sobre os impactos e extensão da situação atual em nossas operações”, informa o banco, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.