A velha propaganda boca a boca ainda funciona. Em apenas cinco anos, com pouquíssima publicidade, o grupo mexicano Del Valle conquistou a liderança do mercado brasileiro de sucos prontos para beber, com 40% das vendas, desbancando marcas tradicionais, como Santal e Izzy. No ano passado, as vendas da empresa registraram crescimento de 100%, em comparação à média de 50% do setor. O grupo tem uma fábrica em Americana (SP), inaugurada em 1999, com investimentos de US$ 35 milhões e que trabalha a todo vapor. Em 2001, a unidade bateu a marca de 56 milhões de litros de sucos produzidos, uma receita de R$ 102 milhões. Para este ano, a meta é chegar a R$ 153 milhões.

Desde a implantação do real, em 1994, o mercado brasileiro não pára de crescer. Foi isso o que atraiu a Del Valle . ?Aqui, encontramos um mercado que está nascendo e começa a prestar atenção ao anseio do consumidor?, diz Horácio Del Nero, diretor de vendas e marketing da Del Valle do Brasil. Um levantamento da companhia mostra o potencial do mercado nacional. No Brasil, o consumo per capita de sucos prontos para beber não chega a 1 litro/ano por habitante. Na Europa e nos Estados Unidos, a média está na casa dos dois dígitos. Por conta dos baixos índices de consumo brasileiros, as projeções de vendas do grupo por aqui são otimistas. Além disso, com a proliferação da geração saúde, as vendas de produtos naturais e isentos de aditivos têm disparado. E é nisso que a Del Valle aposta para manter a liderança do setor. A empresa acredita no binômio saúde e qualidade. ?Estamos na ante-sala de uma explosão, pois trazemos tudo isso?, comemora o diretor.

Diversidade é outra aposta da Del Valle. A empresa oferece 52 itens, incluindo uma linha light. A estratégia de publicidade adotada pelo grupo no Brasil se mostrou acertada. Ao contrário dos concorrentes, que gastam muito com publicidade, Del Nero diz que a presença na mídia é importante, mas não serve de garantia para conquistar a liderança do setor. Em cinco anos, a Del Valle fez um único anúncio, veiculado no fim de 2001. Resultado: as vendas cresceram 25%. ?Da maneira que vínhamos crescendo, a propaganda apenas ajudou. Continuaremos a crescer com ela?, explica o diretor.

A cinqüentenária matriz mexicana faturou US$ 500 milhões ao redor do mundo em 2001. O desempenho da filial brasileira, que já é a segunda operação mais importante de todo o grupo, pode e deve elevar esse valor ainda mais em 2002. Del Nero, um otimista, prevê que em apenas mais quatro anos a filial deve superar a sede. ?Não vejo razões de não sermos a primeira. Capacidade temos de sobra?, diz.