26/05/2004 - 7:00
Esse é o verdadeiro show do milhão. Quem aplicou R$ 100 mil em janeiro de 1997 no Fundo Verde, da administradora de recursos Hedging Griffo, chegou ao início de 2004 com exatos R$ 1.286.056. Difícil imaginar uma aplicação mais rentável. O produto da Griffo rendeu 246% acima do CDI, o juro dos bancos. O Verde aparece em primeiro lugar no ranking dos fundos de investimento preparado pela empresa Thomson Financial a pedido da DINHEIRO. A lista leva em conta apenas os ganhos de cada um, sem entrar no mérito dos riscos, das oscilações e do perfil dos gestores. Foi usada a base de dados da Thomson, que se estende pelos últimos sete anos. ?É um retrato parcial da indústria?, diz Guillermo Mazzoni, da Thomson. ?Mas revela boas surpresas.? O Verde ganhou disparado e com uma vantagem. Segundo os especialistas, é mais fácil obter resultados fantásticos com fundos pequenos. Pode-se arriscar mais. Basta uma aposta vencedora para inflar os números. Com o Verde, a história é diferente. O fundo começou pequeno, atraiu tanto dinheiro que a Griffo parou de aceitar aplicações. ?Não queremos perder a agilidade no fundo?, diz Luís Stuhlberger, criador do Verde. Seu grande desafio é manter os resultados que transformaram o fundo numa referência de mercado.
A receita não tem segredos, diz o administrador. Como um fundo multimercado, o Verde pode aplicar em várias praças, incluindo juros, dólar, bolsa e dívida externa. Mas não pula de um lado para o outro. ?Estudamos a situação da economia e das empresas, adotamos uma estratégia e seguimos firme. Tem momentos que chega a ser entediante?, brinca Stuhlberger . Em 1998, Stuhlberger percebeu que o Brasil teria de desvalorizar o real. Apostou no dólar e esperou um ano. Em 1999, o Verde rendeu 135%. Logo depois da desvalorização, a Griffo comprou ações de empresas exportadoras. Levou papéis da Caemi a R$ 270. Em 2004, os revendeu a R$ 1.400. Além do Verde, a lista inclui fundos pequenos de grandes bancos e grandes fundos de administradoras pequenas. Pouco conhecida, a Tempo Capital surge em terceiro no ranking. Já o Unibanco está em segundo com um fundo relativamente modesto, de R$ 26 milhões. Entre os fundos com patrimônio acima de R$ 100 milhões aparecem dois destaques. Os fundos de ações Opportunity Logica II e Dynamo Cougar renderam 623% e 570%. Nos dois casos, há uma pesquisa meticulosa para a escolha das ações. ?Damos muito valor ao estudo e nenhum ao ti-ti-ti de mercado?, brinca Dório Ferman, administrador do Lógica II. Já a Dynamo chega à sofisticação de participar do conselho de administração das empresas em que investe.
Mas há grandes diferenças entre os dois fundos campeões. Com mais de R$ 1 bilhão, o fundo do Opportunity concentra 90% de sua carteira em oito papéis de grandes empresas. ?Precisamos garantir a liquidez para o movimento de nossos clientes?, diz Ferman. Já a Dynamo é especializada na garimpagem de empresas, sejam pequenas ou grandes. Pode levar um ano para escolher um papel e o tempo que for necessário para esperar sua valorização. As duas estratégias são diferentes, mas os resultados são igualmente impressionantes. O Lógica II rendeu estonteantes 37,2% ? em dólar ? desde 1986. Quem investiu US$ 100 no Dynamo Cougar, em 1993, tirou uma década depois US$ 900. Um privilégio para os investidores.
Maiores rendimentos
Fundo Rent. em 7 anos Patrimônio*
Hedging Griffo Verde 1.286% R$ 1,3 bilhão
Unibanco Timing 1.022% R$ 26 milhões
Tempo Capital 780% R$ 60 milhões
BankBoston small cap 691% R$ 72 milhões
Opportunity Logica II 623% R$ 1,046 bilhão
Dynamo Cougar 570% R$ 325 milhões
Fonte: Thomson Financial