O convidado do novo episódio do MoneyPlay Podcast, programa voltado para o mundo das finanças, apresentado pelo educador financeiro Fabrício Duarte, é o economista, educador financeiro, especialista em softwares quantitativos, escritor e empresário Luiz Fernando Roxo. 

Há 25 anos no mercado financeiro, ele trabalhou em grandes instituições e é referência em investimentos, renda variável, opções, antifragilidade e desenvolvimento pessoal. No programa, conta que sempre trabalhou direcionado à bolsa de valores, fala sobre a influência do investidor e escritor Nassim Nicholas Taleb e sua estratégia do Pozinho.

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O pai de Luiz Fernando Roxo era corretor de commodities e a família de sua mãe era de banqueiros. Além disso, um primo era um operador famoso no pregão conhecido como Willy, o Baixo. Então, a carreira no mercado financeiro era mais do que uma possibilidade para o, hoje, economista.

Aos 19 anos, ele entrou na faculdade e logo em seguida sua avó arrumou algumas entrevistas de emprego, uma delas no Bradesco. Roxo começou como estagiário na corretora do banco e, desde então, nunca mais fez algo que não estivesse ligado à bolsa de valores.

Aprendizados

Conhecer o mercado não é sinônimo de sucesso constante. Roxo quebrou três vezes na vida por conta de operações erradas. Perdeu muito dinheiro e teve que começar tudo de novo. Na terceira, em 2007, resolveu fazer um mestrado e dar aula.

“A gente aprende quando está em dificuldade, quando o mercado começa a ir contra e perde dinheiro. O  mercado pega nossa cara e arrasta no asfalto”, diz o também professor. Ele montou um curso de Opções (contratos negociados no mercado financeiro).

Desde então, ele estuda métodos e escolas de investimento, tentando cruzar conhecimentos. Sua maior influência é Nassim Nicholas Taleb, um libanês-americano que, em suas palavras, está revolucionando o mercado financeiro há 20 ou 30 anos.

Maior influência

Taleb é autor dos livros “A Lógica do Cisne Negro”, “Iludidos pelo Acaso: A Influência Oculta da Sorte nos Mercados e na Vida”,  “Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos” e “Skin in the Game”, entre outros. Para Roxo, a grande maioria das pessoas não lê seus livros e não entende suas ideias.

O economista acredita que, exatamente por saber superficialmente os conceitos do autor, as pessoas que o seguem no Twitter não entendem porque ele é mal educado. “Ele é o maior pensador vivo da atualidade e resolve vários problemas do mercado financeiro, traz alternativas, mas as pessoas não se dedicam para entender a filosofia porque é muito complexo e difícil de entender.”

Em 2004/2005 Roxo começou a estudar os modelos de Opções de Taleb. Em sua opinião, o mestre é o maior especialista desse investimento no mundo. “A mensagem dele era muito poderosa e me impactou demais, então decidi ser um mensageiro das ideias do Taleb “, conta.

Estratégia do Pozinho

E foi seguindo a atuação de Taleb que Roxo criou a Estratégia do Pozinho, que se beneficia do caos na bolsa de valores para ganhar dinheiro. “Você consegue proteger seu patrimônio e ter ganhos quando a bolsa entra em queda ou em alta”, explica.

Nessa estratégia, o investidor compra um direito desacreditado por centavos de reais e repete o método por muito tempo até que o caos aconteça e ganhe muito dinheiro. Roxo conta que, em 2010, começou a aplicar a técnica. Comprava todo mês R$ 500 em Opções da Vale, achando que subiria e, em março, as ações da Vale realmente subiram muito e ele transformou R$ 1.000 em R$ 112 mil.

“Foi muito importante para mim naquela época, pois me ajudou a montar os meus negócios”, relembra. “Em 2020, comprei R$ 500 de uma PUTT, uma opção de venda para ganhar dinheiro na queda do mercado. Com a pandemia, os R$ 500 viraram R$ 55 mil.” 

Importância de método…

O economista aponta, entretanto, que é preciso seguir um método para investir. Caso contrário, o investidor é obrigado a tomar a decisão mais importante no pior momento do mercado e pagar a conta por fazer bobagem.

“Até dá para começar sem método, pois tem de começar de alguma maneira. Você vai se arriscar e será obrigado a aprender”, afirma. “Mas a primeira pergunta que eu faço é ‘qual é o seu plano?’. O que você decidiu fazer se o mercado cair ou subir. Tem que ter um plano.”

Roxo acredita que planos muito simples já resolvem a questão, dependendo do tipo de informação que for utilizada, mas ter um método é 50% do processo. “O método é ralo no começo, não prevê todas as possíveis alternativas que o mercado pode trazer.”

A primeira vez que ele quebrou, em janeiro de 2004, quando administrava carteiras, fez estudos históricos e calculou que a ação da Telemar (hoje Oi) nunca subia mais que 35%. Então, apostou que jamais avançaria mais que isso. 

O economista ganhou dinheiro por vários meses, mas, em fevereiro de 2004, a ação subiu. “Eu era um cara estúpido. Perdi um monte de grana e aprendi mais uma”, reconhece. “Então, o próximo método que criei era um pouco mais robusto e considerava mais alternativas que o anterior.”

…e da mitigação de riscos

O professor de finanças acredita que não há um grande ganho sem uma boa mitigação de risco. “O ganho, mesmo agregado e de longo prazo, tem uma curva geométrica, é assimétrico, exponencial”, diz. “E as perdas significativas comprometem demais a riqueza no longo prazo.”

Isso quer dizer que o problema de uma carteira não são os grandes ganhos, nem os pequenos ganhos, o mercado de lado ou as pequenas perdas, mas sim as grandes perdas. “Se você tem R$ 10 mil na bolsa e perde 50%, para voltar ao valor inicial, precisa de um ganho de 100%”, explica. “Perdas muito grandes são muito importantes. Warren Buffett, um dos maiores investidores da história, diz que a primeira regra é não perder dinheiro. E a segunda regra é nunca esquecer da primeira regra.”

E como mitigar riscos? Uma boa saída é ter boa parte do dinheiro em reserva de valor e diversificar em outras moedas. Se o investidor se expuser muito na bolsa, precisará comprar um pouco do seguro. Ele pode até ter um pouco de criptomoeda, por exemplo, mas precisa fazer um balanceamento dinâmico. 

Isso significa deixar um pouco de dinheiro na bolsa e uma parte maior na renda fixa. Assim, quando a bolsa sobe muito, a parte do dinheiro na bolsa vai aumentar mais do que 30%, 40% ou 50%, ou seja, a participação relativa da bolsa na carteira vai aumentar demais. 

Então, o correto é diminuir um pouco a exposição em bolsa e comprar renda fixa como proteção. Se a bolsa cair muito, dos 30% que você tinha ajustado para 25%, 20% do seu portfólio, sua participação na bolsa reduzirá, então comprar ações estará barato de novo. “Nesse caso, a turbulência da bolsa favoreceu o investidor, que vendeu na bolsa na alta, quando todo mundo estava muito otimista, e comprou na bolsa na baixa”. 

Também é importante para o investidor seguir a curva do enriquecimento que, segundo o economista, pressupõe aporte (gastar menos, ganhar mais), investir (é preciso ter algum rendimento) e tempo, fator que exponencializa, pois não adianta aportar muito em pouco tempo.

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