O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou na noite desta  segunda-feira, 4, ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo  do Campo, para fazer discurso em defesa da presidente Dilma Rousseff.  Lula discursará em um palanque montado em cima de um caminhão,  posicionado em frente à sede do sindicato.

Ele foi recebido  com a música “Pra não dizer que não falei na flores”, de Geraldo  Vandré, canção geralmente associada à luta contra a ditadura militar. A  rua, que reúne centenas de pessoas à espera da fala do ex-presidente,  foi bloqueada pela Prefeitura. A parte frontal do palanque exibe uma  faixa com o logo do sindicato, uma imagem de Lula e a hastag  #somostodosLula. Outra faixa, pendurada no próprio sindicato, estampa a  frase: “Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.

Os  militantes vestem vermelho em sua maioria e balançam bandeiras do PT,  do sindicato e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Apresentações  musicais embalaram o público antes da chegada do ex-presidente. Também  são aguardados discursos do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz  Marinho, que já foi presidente do sindicato, do atual presidente da  entidade, Rafael Marques, e do presidente da CUT, Vagner Freitas.

A  ida de Lula ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade que liderou  nos anos 1970 e 1980, é mais um ato em defesa da presidente Dilma  Rousseff. Desde que foi convidado por Dilma para assumir o comando da  Casa Civil, em março, o ex-presidente tem viajado o Brasil para  participar de manifestações contrárias ao impeachment e a favor da  democracia.

Embora ainda não tenha assumido o posto, já  que teve sua nomeação suspensa pela Justiça, ele também tem colaborado  com a articulação política do Planalto, em um esforço para reunir o  apoio de pelo menos um terço dos 513 deputados federais, mínimo  necessário para barrar o processo de afastamento da presidente. A volta  de Lula ao governo, mesmo que informalmente, não impediu, no entanto,  que o PMDB, até então principal aliado do PT, confirmasse a saída da  base, em encontro do partido semana passada.

A participação  de Lula em ato no sindicato também tem um cunho trabalhista. Em um  cenário de aumento do desemprego, os metalúrgicos têm enfrentado  dificuldades para manter seus empregos. Só no ano passado, as montadoras  instaladas no País fecharam 14,7 mil vagas de trabalho, em um momento  de baixa demanda por veículos.

No último sábado, o  ex-presidente participou de ato em Fortaleza, onde criticou a oposição e  afirmou que, se o vice-presidente Michel Temer assumir o governo, será  um golpe. “A nossa resposta a ser dada aos opositores é garantir a  governabilidade de Dilma”, disse. Ele também declarou que Temer, como  constitucionalista, sabe que “impeachment é um golpe”.