O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira, 9, a união regional de países da América Latina e do Caribe para fazer frente a medidas unilaterais que desestabilizam a economia internacional, caso das tarifas recentemente anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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Lula alertou, em discurso na abertura da 9ª cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), para a necessidade de seus integrantes deixarem diferenças de lado e concentrarem-se na redefinição de seu lugar na nova ordem global que se apresenta.

“Quanto mais fortes e unidas estiverem nossas economias mais protegidos estaremos contra ações unilateriais”, disse.

Lula argumentou ainda que não há “vencedores” em guerras comerciais e disse que seu governo está empenhado em facilitar o comércio regional por meio da reativação de convênio de pagamentos e da expansão de pagamentos em moeda local.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sessão de Abertura da 9ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado da CELAC (Crédito:Ricardo Stuckert / PR)

Negociação e reciprocidade

Em entrevista a jornalistas que acompanhavam sua viagem a Honduras, o presidente afirmou que irá negociar com os Estados Unidos sobre as tarifas impostas ao país até onde for possível e só irá adotar medidas de retaliação se não houver solução.

“Não há medida prática ainda porque eu disse numa reunião que vamos utilizar todas as palavras de negociação que o dicionário permitir. Quando acabar, vamos tomar as decisões que a gente entende que sejam cabíveis. O Brasil é um país que não tem contencioso, não queremos contenciosos, não queremos brigar”, disse. 

Lula voltou a dizer que o Brasil vai à Organização Mundial do Comércio contra as tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e que a decisão é adotar a reciprocidade, no caso das negociações não surtirem efeito.

O presidente criticou, ainda, a guerra comercial entre Estados Unidos e China e considera que há uma briga pessoal de Trump com a China.

“Estamos preocupados com as decisões unilaterais do presidente dos Estados Unidos. A cada dia ele anuncia uma medida, cada dia ele fala uma coisa, e nós não sabemos qual será o efeito devastador disso na economia. Inclusive na própria economia americana”, afirmou.