Por Lisandra Paraguassu e Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que só deve anunciar os nomes de seu ministério após a diplomação presidencial no dia 12 de dezembro, e disse que o nome escolhido para comandar o Ministério da Fazenda terá a cara de seu primeiro mandato.

“O meu ministro da Economia será essa cara do sucesso do meu primeiro mandato”, afirmou, acrescentando que, como presidente, ele “obviamente” quer ter inserção nas decisões políticas e econômicas do país, mesmo com a autonomia dos ministério.

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Questionado se o ex-prefeito Fernando Haddad, que no momento é o mais cotado, será de fato seu ministro da Fazenda, Lula disse que não iria responder. “Se eu responder o que você quer você vai saber o que eu penso, então não vou responder.”

O presidente eleito afirmou ter 80% do ministério montado em sua cabeça, mas ressaltou ser necessário compor com todas as forças políticas que o ajudaram a ganhar as eleições.

“Vou ser diplomado no dia 12, depois que eu for diplomado, depois que eu for presidente da República reconhecido e diplomado, aí vou começar a escolher meu ministério, não precisa ninguém ficar angustiado, nervoso, criando expectativa. Eu no fundo tenho 80% do ministério na cabeça, mas não quero construir o ministério para mim, quero construir para as forças políticas que me ajudaram a ganhar as eleições”, disse.

Nos últimos dias, o desenho do ministério começou a ficar mais claro, apesar de Lula publicamente ainda não ter falado diretamente sobre nomes. Em reuniões privadas, no entanto, o presidente já citou, por exemplo, o nome do ex-ministro do Tribunal de Contas da União José Múcio Monteiro para a Defesa, de acordo com uma fonte presente a um desses encontros.

Fontes ouvidas pela Reuters apontam que, mesmo com a resistência de Lula em confirmar agora, Haddad continua como nome mais cotado para o Ministério da Fazenda, enquanto surgem os nomes dos economistas do André Lara Resende e Pérsio Arida –apesar desse já ter negado interesse– para o Planejamento.

Também estaria definido o ex-chanceler Mauro Vieira para o Ministério das Relações Exteriores, enquanto o embaixador Celso Amorim, ministro nos dois primeiros mandatos de Lula, deve ocupar a Secretaria de Assuntos Estratégicos.

O deputado Alexandre Padilha é, hoje, o mais cotado para a Secretaria de Relações Institucionais, enquanto o governador da Bahia Rui Costa é considerado para a Casa Civil. Já para Justiça e Segurança Pública o senador eleito Flávio Dino é, também, dado como certo.

Lula deixou claro, no entanto, que só falará depois da sua diplomação, e ressaltou que não pode voltar atrás depois de confirmar nomes.

“O que vai valer é quando eu falar”, disse, sobre as especulações feitas até o momento.

O presidente eleito deixou claro, no entanto, que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não fará parte do ministério porque continuará à frente do partido. Para compor o primeiro escalão do governo, Gleisi teria que deixar o cargo.

“Eu disse para a Gleisi que o PT é um partido grande, importante e majoritário na montagem da nossa governança no Congresso. Devo muito a Gleisi na minha vitória, e a gente não pode desmontar o partido porque ganhamos as eleições. O fato de eu ter dito para Gleisi que ela não vai ser ministra é um reconhecimento do papel que ela tem no comando do partido”, disse Lula.

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