O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quinta-feira, 10, que o Rio de Janeiro “vai voltar a fazer navios” porque “a Petrobras vai anunciar um plano de investimentos”. A declaração foi dada na capital do Estado, onde o presidente participou de cerimônia de anúncio de obras.

Também estavam presentes o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD), o governador Claudio Castro (PL), e diversos ministros. Aliado de Jair Bolsonaro, Castro foi vaiado por apoiadores de Lula.

No evento, o governo federal autorizou investimentos com foco na infraestrutura urbana da cidade do Rio de Janeiro. Na parceria entre a gestão federal e a prefeitura, devem ser investidos R$ 1,8 bilhão para fomentar a recuperação do Sistema BRT na cidade e outros R$ 820 milhões para a construção do Anel Viário no bairro de Campo Grande.

De acordo com o Palácio do Planalto, os investimentos ocorrem a partir de operações de crédito com o Banco do Brasil, no valor de R$ 1,2 bilhão, e com a Caixa Econômica Federal, de R$ 645 milhões. A previsão é que o Sistema BRT da cidade opere com 100% de sua capacidade em 2024.

O presidente também disse, durante o evento, que haverá ainda anúncios de obras em todas as unidades da Federação. O principal compromisso de Lula no Rio de Janeiro é o lançamento do novo PAC, marcado para esta sexta-feira, 11.

Tentativa frustrada

Não é a primeira vez que o presidente fala da retomada de estaleiros. Em fevereiro, também durante um evento na capital fluminense, já havia dito que iria “voltar a construir navios nos estaleiros do Rio de Janeiro e retomar os investimentos na indústria de óleo e gás”.

Também não seria a primeira vez que o governo petista tentaria fomentar a indústria naval. Entre 2005 e 2012, o Fundo de Marinha Mercante liberou R$ 33,6 bilhões (em valores atualizados) para reformas e construção de estaleiros, que, principalmente, atenderiam à Petrobras.

No período, o número de trabalhadores no setor naval passou de 2 mil para 70 mil. Com os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras e as grandes empreiteiras que investiam no setor, porém, o segmento encolheu e o total de empregados caiu para os cerca de 20 mil atuais.

“Por que o governo vai dar novamente subsídio para a indústria naval? Se o setor se provasse competitivo, até entenderia. Mas não me parece fazer sentido subsidiar uma produção privada”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo, em março, o professor de administração pública da Fundação Getulio Vargas (FGV) Ciro Biderman.

Segundo ele, hoje o portfólio de um programa de incentivo à indústria tem de fazer sentido social e ambiental.