O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que apenas o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, sabe a “verdade” em relação aos fatos que levaram ao seu indiciamento da Polícia Federal na quarta-feira, 12. Lula disse não ter pressa para resolver a questão e disse que terá uma “conversa franca” com o ministro.

“Quando eu voltar ao Brasil, depois de participar da Cúpula do G7, vou sentar e descobrir o que aconteceu de verdade”, comentou Lula a jornalistas nesta quinta-feira, 13, em Genebra, na Suíça.

“Digo para todo mundo, só você sabe a verdade. Se você cometeu erro, reconheça que cometeu. Se não cometeu, brigue pela sua inocência”, afirmou Lula, dizendo que essa é uma orientação dada a todos os seus ministros. “Só ele sabe a verdade, ninguém mais.”

O ministro foi indiciado ontem, após a PF finalizar as investigações sobre desvio de verbas federais da Codevasf. A corporação imputa ao ministro supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O Estadão/Broadcast apurou que o relatório final da investigação cita ainda supostos crimes de falsidade ideológica, frustração de caráter competitivo de licitação e violação de sigilo em licitação, previstos no Código Penal.

Em nota divulgada ontem, o ministro afirmou que o indiciamento é “uma ação política e previsível”. “Parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito”, indicou. Segundo ele, a investigação “repete o modus operandi da Operação Lava Jato”.

Após o indiciamento, o União Brasil, partido que indicou Juscelino Filho para compor a Esplanada, também se manifestou e reforçou “total apoio” ao ministro. A legenda, por meio de nota da Executiva Nacional, diz que não admitirá “prejulgamentos” e defende que o princípio da presunção de inocência e o devido processo legal sejam “rigorosamente respeitados”.

“É importante esclarecer que essa investigação não tem relação direta com a atuação de Juscelino Filho como ministro das Comunicações. Curiosamente, ela teve início após sua nomeação para o primeiro escalão do Governo Federal, o que levanta suspeitas sobre uma possível atuação direcionada e parcial na apuração”, afirma o União Brasil. A sigla fala em “vazamentos seletivos” e “descontextualizados” sobre Juscelino Filho e diz que investigações semelhantes no passado levaram a “condenações injustas”.