28/08/2025 - 18:36
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), possíveis adversários em 2026, travam uma disputa de protagonismo em torno da Operação Carbono Oculto, considerada a maior ofensiva contra crime organizado no País. A investigação atingiu diretamente a Faria Lima, principal centro financeiro do Brasil, e o setor de combustíveis.
Para marcar território, o governo federal organizou uma coletiva de imprensa com os ministros da Justiça, Ricardo Lewandowski, e da Fazenda, Fernando Haddad. Os dois reforçaram o papel do governo federal na ação, que envolveu equipes da Polícia Federal, Polícia Militar, Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) além de agentes e fiscais das Receitas Estadual e Federal.
“O crime organizado não é mais local, é global. Apenas uma visão macro a partir do governo brasileiro, que se espraia pelos Estados, tem êxito. São operações em dez Estados”, disse Lewandowski. Haddad, por sua vez, destacou a “colaboração” de autoridades estaduais, como os Ministérios Públicos e as polícias, nas investigações e nos cumprimentos dos mandados.
Pelo X, Lula fez questão de ressaltar que o trabalho integrado começou com a criação do Núcleo de Combate ao Crime Organizado no Ministério da Justiça:
“A população em todo o País assistiu hoje à maior resposta do Estado brasileiro ao crime organizado de nossa história até aqui. Em atuações coordenadas que envolveram Polícia Federal, Receita Federal e Ministérios Públicos estaduais, foram deflagradas três operações simultâneas nos setores financeiro e de combustíveis, envolvendo 10 Estados. O trabalho integrado – iniciado com a criação, no Ministério da Justiça, do Núcleo de Combate ao Crime Organizado – permitiu acompanhar toda a cadeia e atingir o núcleo financeiro que sustenta essas práticas”, afirmou o presidente.
Já Tarcísio divulgou um vídeo nas redes sociais dizendo que a ação é fruto do trabalho do Gaeco com as polícias de São Paulo “que se expandiu para todo o Brasil”.
“A maior operação de inteligência e combate ao crime organizado no setor de combustíveis da história, a Carbono Oculto, foi deflagrada na manhã de hoje. Trabalho do GAECO com as Polícias de São Paulo que se expandiu para todo o Brasil, colocando o dedo na ferida e enfrentando com coragem grupos que ninguém teve coragem de enfrentar, e que, até então, acreditavam ser intocáveis. As facções estão sendo enfrentadas como nunca antes, e a mensagem é clara: em São Paulo, o crime organizado não terá vez”, disse o governador.
Ao todo 1.400 agentes estão cumprindo 200 mandados de busca e apreensão contra 350 alvos em dez Estados contra envolvidos no domínio de toda a cadeia produtiva da área de combustíveis, parte da qual foi capturada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Só a Faria Lima concentra 42 dos alvos – empresas, corretoras e fundos de investimentos – em cinco endereços, incluindo alguns edifícios icônicos da região.
Este não é o único tema que opõe as duas gestões. Como mostrou o Estadão, o presidente e o governador travam uma disputa pela paternidade do túnel Santos-Guarujá.
A guerra é velada: em público, os dois trocam elogios e celebram a parceria entre governo federal e estadual para viabilizar uma obra prometida há décadas. Nos bastidores, porém, duelam pela paternidade da construção.