05/11/2025 - 17:21
O senador Fabiano Contarato (PT-ES), presidente da recém-instalada CPI do Crime Organizado no Senado, afirmou nesta quinta-feira, 5, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi “infeliz” ao dizer que o traficante é uma vítima dos usuários.
A declaração ocorreu quando Lula criticava a política do presidente norte-americano Donald Trump de combater cartéis do narcotráfico na América Latina. O petista sugeriu que há uma relação de sustentação entre traficantes e dependentes químicos e defendeu que Trump combata o uso das drogas internamente no País, em vez de promover ação militar externa. Mais tarde, afirmou que a frase foi “mal colocada”.
“Foi infeliz na colocação”, afirmou o senador em entrevista ao jornal O Globo. “Temos que entender que o traficante é o que há de mais pernicioso dentro da sociedade brasileira. O traficante mata. Por isso, defendo mais rigor, inclusive no aumento das penas para o tráfico de entorpecentes.”
À frente da CPI, Contarato disse que o foco será seguir o “fluxo do dinheiro” das facções e milícias e investigar a conduta de agentes públicos. “Aquilo ali não é palco para pirotecnia nem discurso eleitoral. A CPI precisa jogar luz sobre a segurança pública, ver quem tem responsabilidade e o que é necessário fazer para reduzir a criminalidade”, disse.
O senador também reconheceu que o tema da segurança pública é um desafio para a esquerda. “Passou da hora de entender que segurança pública tem que ser tratada com responsabilidade. E essa responsabilidade precisa deixar de ser vista sob um olhar romantizado. Passou da hora de o campo progressista assumir essa pauta, porque ela é apartidária. Essa é uma determinação constitucional, independentemente de partido”, declarou.
Contarato afirmou que a comissão aprovou convite para convocar o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), após a operação policial que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão.
Sobre a eficácia de operações policiais contra a criminalidade, Fabiano, que é delegado de carreira, avalia que “o que não pode é a sociedade continuar alarmada diante de operações que vitimam dezenas de pessoas”. “A gente sempre precisa perguntar: a operação foi bem-sucedida? Restituiu a paz social? No caso da mais recente, tivemos 121 mortos, entre eles, quatro policiais, e um dos alvos não foi capturado. Então, ela foi um sucesso?”, questionou.