12/02/2025 - 12:17
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 12, que uma reunião entre Casa Civil e Ibama nesta semana ou na próxima deve trazer uma definição sobre pesquisa para exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas no Amapá, e afirmou que o órgão de fiscalização e licenciamento ambiental não pode parecer uma entidade contrária ao governo.
+Lula defende que Ibama autorize explorar petróleo na Foz do Amazonas
Em entrevista à rádio Diário, de Macapá (AP), Lula reiterou que quer explorar petróleo na região conhecida como Margem Equatorial, ao mesmo tempo que afirmou que primeiro é necessário a Petrobras pesquisar a área. Ele garantiu que a estatal cumprirá “todos os ritos necessários” para evitar danos ao meio ambiente.
“Não é que eu vou mandar explorar, eu quero que ele seja explorado. Agora, antes de explorar, nós temos que pesquisar, nós temos que ver se tem petróleo, nós temos que ver a quantidade de petróleo”, disse Lula à emissora amapaense.
“Talvez na semana que vem ou nesta semana ainda vai ter uma reunião da Casa Civil com o Ibama e nós precisamos autorizar que a Petrobras faça pesquisa, é isso que nós queremos. Depois se a gente vai explorar é outra discussão. O que não dá é a gente ficar nesse lenga-lenga. O Ibama é um órgão do governo parecendo que é um órgão contra o governo. Não!”, acrescentou.
Lula destacou que a Petrobras é uma empresa com grande experiência na exploração de petróleo em águas profundas e que não é possível, sabendo que o país tem uma riqueza, não explorá-la.
“O que nós queremos é que o governo diga qual a vontade dele, a Petrobras é uma empresa responsável, ela tem a maior experiência de exploração em águas profundas. Nós vamos cumprir todos os ritos necessários para que a gente não cause nenhum estrago na natureza, mas a gente não pode saber que tem uma riqueza embaixo de nós e a gente não vai explorar, até porque é dessa riqueza que a gente vai ter dinheiro para construir a famosa e sonhada transição energética”, afirmou.
No mês passado, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, disse ter expectativas de que a companhia tenha um aval do Ibama para avançar com a exploração na Bacia da Foz do Rio Amazonas, em águas ultraprofundas do Amapá, ainda no primeiro trimestre deste ano.
A região do litoral norte do Brasil tem grande potencial para descobertas de petróleo, mas também enormes desafios socioambientais.
A indústria de petróleo tem enfrentado ao longo de anos forte resistência para perfurar a Foz do Amazonas em busca de novas reservas. A área é considerada a de maior potencial para a abertura de uma nova fronteira de petróleo no país, devido à geologia semelhante com a vizinha Guiana, onde a Exxon Mobil está desenvolvendo campos enormes.
A Petrobras atualmente aguarda um retorno do Ibama sobre um pedido de reconsideração feito pela companhia em 2023, após o órgão ter negado uma licença de perfuração na área. O Ibama não tem um prazo definido para responder.
A questão da exploração de petróleo no Amapá já gerou atritos entre lideranças políticas do Estado aliadas a Lula, como o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a quem o Ibama está subordinado. Randolfe desfiliou-se da Rede Sustentabilidade, partido de Marina, devido a divergências sobre este tema.
Além disso, o recém-empossado presidente do Senado e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União-AP), é um defensor veemente da exploração de petróleo no Estado.