Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu em Brasília, nesta quinta-feira, a temporada de apoios a sua candidatura à Presidência em encontros com o PSB e a Rede em que deixou claro estar “de braços abertos” a quem mais quiser aderir.

À aliança de sete partidos –incluindo o PT–, Lula convocou os presentes para trabalhar pela eleição e por um novo governo.

“Nunca antes na história desse país o Brasil precisou tanto de nós como está precisando agora”, discursou. “Não é uma eleição de um conjunto de pessoas que querem só ganhar a eleição e governar o país. A eleição é mais do que isso. A sociedade brasileira está precisando de alguém para salvar o país, para cuidar do povo brasileiro, para reeditar a soberania desse país.”

Lula voltou a defender a chapa com o ex-governador Geraldo Alckmin, criticada pelo fato de os dois terem estado em lados opostos na maior parte das suas vidas políticas. Hoje no PSB, Alckmin foi do PSDB por décadas, tendo sido adversário direto do petista na disputa presidencial de 2006.

Respondendo aqueles que têm questionado por que os dois agora estão juntos, o ex-presidente afirmou: “Porque isso chama-se política, isso chama-se maturidade, compromisso com esse país e com o povo brasileiro”.

Os encontros com o PSB e com a Rede Sustentabilidade abriram a temporada de declarações de apoio à candidatura de Lula e de Alckmin, que será o vice na chapa.

Ao longo dos próximos dias, PSOL e Solidariedade também farão atos de apoio a Lula, somando-se ainda ao PV e ao PCdoB, que formarão uma federação com o PT.

“Estamos agora recebendo apoio da Rede, à noite vamos consolidar apoio do PSB, no dia 3 com o Solidariedade, no sábado à noite no PSOL”, disse mais cedo nesta quinta. “Quem governar esse país tem que governar com coração de mãe, que é o mais bondoso. Quero avisar quem não veio ainda, estamos de braços abertos para receber todos que querem recuperar esse país.”

Em negociações para uma federação com o PSOL, e por insistência de algumas de suas principais lideranças, a Rede declarou apoio irrestrito a Lula –algo que o único senador do partido, Randolfe Rodrigues (AP), deixou claro: “A sua candidatura não é de uma eleição. Em outubro está em jogo o destino de uma nação. Receba aqui o apoio incondicional da Rede”.

Mas Marina Silva, fundadora da Rede e ainda hoje um de seus principais nomes e ex-ministra de Lula, e a ex-senadora Heloísa Helena não estavam presentes. Helena já anunciou que apoia Ciro Gomes e Marina não declarou voto, mas sua mágoa com o PT é conhecida.

“Eu esperava que a Marina estivesse aqui. Minha relação com ela é muito antiga, muito grande… eu aprendi a gostar da Marina quando ela era menina no Acre”, disse o ex-presidente.

Interlocutores de Lula tem tentado abrir um caminho com a ex-ministra, que no momento não se opôs ao apoio da Rede a Lula, mas se mantém distante.

As negociações com outros partidos continuam. O próprio PT admite ser difícil, para o primeiro turno, atrair mais apoios formais, mas mira já o segundo turno e o apoio de partes de partidos como o PSD e o MDB.

Nesta quinta, Lula voltou a se encontrar com caciques do MDB que apoiam sua candidatura, como os senadores Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM) e Marcelo Castro (PI).

De acordo com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o partido abriu conversas com o Avante, que hoje tem o deputado André Janones como candidato, com 2% das intenções de voto, em média, e continua conversando com Gilberto Kassab, presidente do PSD, e com alas do MDB.

Kassab já prometeu a Lula apoio no segundo turno, mas no primeiro ainda tenta encontrar um candidato próprio. A alternativa, defendida pela maior parte das bancadas do partido, é liberar para que cada um apoie quem desejar.

“Vamos começar uma conversa com o Avante, continuamos em conversas com o PSD. Se o partido for liberar temos várias lideranças que estão conosco. Temos conversas com setores do MDB… Precisamos de um movimento amplo”, disse Gleisi.

No dia 7, Lula lança sua pré-candidatura em São Paulo com todos os partidos aliados ao lado, no que vem sendo chamado pelo partido de “movimento a favor de Lula”.

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