O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a cúpula do Brics – bloco formado com Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul – em Johanesburgo, que ocorrerá no final do mês, deverá discutir a entrada de novos membros na organização e defendeu a admissão da Arábia Saudita, Emirados Árabes e Argentina no grupo. Na fala, o chefe do Executivo voltou a defender usar o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) para contornar o dólar no comércio mundial.

“Acho extremamente importante a gente permitir que outros países, que cumpram as exigências do Brics, entrarem no Brics”, afirmou Lula, em café da manhã promovido nesta quarta-feira, 2, com correspondentes, no Palácio do Planalto. “Acho extremamente importante a Arábia Saudita entrar nos Brics. Acho extremamente importante os Emirados Árabes, se quiserem entrar, a Argentina. Obviamente que eu não decido sozinho.”

E acrescentou: “Vamos discutir a entrada de novos países, e sou da opinião de que quanto mais países quiserem entrar, se tiverem o cumprimento da regra que estamos estabelecendo, nós vamos aceitar a entrada desses países.”

Na avaliação do presidente do Brasil, o banco do Brics, sob presidência de Dilma Rousseff, deve ser formulado com a mentalidade de “reeducar as instituições financeiras” na forma de financiamento a países em desenvolvimento. Assim, ele voltou a defendeu o uso de moedas alternativas ao dólar para transações comerciais internacionais.

“Todo mundo sabe que eu defendo que a gente tenha uma moeda própria para fazer o comércio entre os países. Por que o Brasil precisa ter dólar para fazer comércio com a China, com a Argentina?”, questionou Lula. “A gente pode fazer nas nossas moedas e pessoalmente os Bancos Centrais fazem os acertos de contas”, acrescentou, ponderando não ser uma “coisa fácil de discutir”. “Por que a gente não pode discutir isso, ter uma moeda para fazer negócio entre os países?”

Lula defendeu que o banco dos Brics seja “mais eficaz e generoso” que o Fundo Monetário Internacional (FMI). “O banco existe para ajudar a salvar países, e não para ajudar a afundar países, que é o que o FMI faz muitas vezes.” “O Brics, na minha opinião, não sou o único país, tem vários outros, mas deve servir para ajudar a desenvolver o financiamento adequado, sem espada na cabeça, os outros países a desenvolver”, declarou.