08/03/2021 - 19:42
A anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre as portas para as eleições presidenciais de 2022, em uma nova virada na vida do líder de esquerda, um personagem central na História do Brasil há mais de meio século.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin proferiu uma decisão em que considera que a 13ª Vara Federal de Curitiba, que condenou Lula em vários casos, não tinha competência para fazê-lo e que o político de 75 anos deve ser julgado novamente pela Justiça Federal em Brasília.
Esses processos, nos quais Lula sempre alegou ser inocente, estão ligados à ‘Lava Jato’, operação de combate à corrupção e lavagem de dinheiro.
– 27 de outubro de 1945: Lula nasce em uma família de agricultores pobres do Nordeste, que migra quando ele tinha sete anos para o estado de São Paulo.
– 1975: Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, setor onde trabalhava desde os 14 anos.
– 1978-80: Lidera grandes greves nas periferias industriais contra a ditadura (1964-1985) e passa um mês preso.
– 1980: Participa da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que se torna a maior federação de trabalhadores do Brasil.
– 1º de janeiro de 2003: Primeiro presidente brasileiro de origem operária. Reeleito em 2006, ele termina seu mandato em 2010 com mais de 80% de aprovação. Graças a seus programas sociais, 29 milhões de brasileiros saem da pobreza, apesar de o país ainda seguir muito desigual.
– 2005: Decapita a direção do PT após o Mensalão, escândalo de pagamentos de propina a congressistas em troca de apoio político.
– 12 de julho de 2017: O juiz Sergio Moro, que chefia a operação Lava Jato, o condena a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Moro o considera beneficiário de um apartamento no Guarujá, litoral paulista, oferecido por uma construtora em troca de sua mediação para a obtenção de contratos com a Petrobras.
– 24 de janeiro de 2018: Um tribunal de segunda instância (TRF4) aumenta sua sentença para 12 anos e um mês de reclusão.
– 7 de abril de 2018: Dois dias após Moro ordenar sua prisão, Lula se entrega à polícia no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, e começa a cumprir pena em Curitiba.
– 31 de agosto de 2018: A justiça eleitoral invalida sua candidatura às eleições presidenciais de outubro. Ele é substituído por Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, como candidato do PT. Haddad é derrotado no segundo turno em outubro por Jair Bolsonaro, da extrema direita, que nomeia Moro como ministro da Justiça.
– 6 de fevereiro de 2019: Condenado a 12 anos e 11 meses de prisão por receber propina na forma de reformas de um sítio em Atibaia (SP). Em novembro, um tribunal de segunda instância aumenta essa pena para 17 anos.
– 23 de abril de 2019: O Superior Tribunal de Justiça (STJ), terceira instância, reduz sua sentença no caso do Guarujá para 8 anos e 10 meses de prisão.
– 8 de novembro de 2019: Lula é libertado, com a aplicação de uma decisão do STF determinando que ninguém pode ser preso antes de esgotar os recursos nas quatro instâncias judiciais existentes no Brasil.
– 8 de março de 2021: O ministro do STF Edson Fachin anula as condenações de Lula, por considerar que o tribunal de Curitiba não tinha competência para julgá-lo. Ordena novos julgamentos por esses casos em Brasília, no âmbito da Justiça Federal.