08/06/2005 - 7:00
Na corte de Francisco I (1494-1547), o rei da França, o poder régio era simbolizado por três elementos: o trono, o cetro e, por fim, suas roupas. O luxo apresentado em suas vestimentas o diferenciava dos outros nobres e dos plebeus. A partir dali, os soberanos adotariam o traje como espelho para refletir a personalidade. A moda, portanto, se tornaria a personificação do poder e a corte seria o local de onde nasceriam as tendências. Até hoje, de certa forma, a mecânica é a mesma. As roupas de grife, que custam pequenas fortunas, servem para retratar o status de quem as veste. O luxo, como na época do Renascimento, faz parte do cotidiano da população, principalmente na França, mãe desse mercado que movimenta 100 bilhões de euros por ano. Suas entranhas são reveladas no livro O Luxo ? Os segredos dos produtos mais desejados do mundo, da editora Barcarolla. Em 160 páginas, o autor Jean Castarède, uma das principais autoridades deste nicho de consumo, disseca a história dos objetos do desejo, traça o perfil do consumidor e mostra as estratégias de marketing das empresas francesas para conquistá-los.
O luxo é classificado em três partes. Há o ?extremo?, no qual se encontram iates, carros esportivos e mansões. O ?intermediário? é composto por roupas de grife, canetas e objetos caros mas, de certa forma, mais democráticos. E, por último, o ?acessível?, feito de perfumes, vinhos e produtos alimentícios. Mas o que os torna tão desejados? Comprar um produto de luxo é o mesmo que comprar um título para um clube seleto. As marcas, com tradição, aliam a qualidade, o design e a comunicação implícita em uma determinada peça. A Chanel, da lendária estilista Coco Chanel, é uma das grifes que apresenta sucesso nesse sentido. Um tailleur de sua autoria nunca sai da moda. É uma daquelas grifes resistentes ao tempo, que nunca perdem a áurea de elegância. Além de uma radiografia do setor de luxo na França, o volume revela algumas curiosidades. O pensador francês Voltaire, por exemplo, era dono de uma fábrica de relógios de bolso para atender clientes abastados. Prova de que até um ícone do movimento Iluminista foi seduzido pelo brilho do setor de luxo.
AS FAMÍLIAS DO CONSUMO
Extremo
São produtos exclusivos, que custam milhões, como iates e aviões
Intermediário
Objetos caros como uma caneta Montblanc, porém mais democráticos
Acessível
Perfumes como o Givenchy têm o glamour da marca e são mais baratos