Samir Baptista/Ag.IstoE

Privalia: os sócios José Manuel Villanueva e Lucas Carné (abaixo) vendem itens de luxo online com até 70% de desconto

Os compradores de artigos de luxo ganharam um novo shopping, onde podem encontrar seus produtos favoritos sem precisar procurar vaga em estacionamentos ou carregar sacolas. Este paraíso tem endereço. Trata-se da World Wide Web ou simplesmente www. A internet tornou-se um terreno fértil para o crescimento de sites que vendem produtos premium. Pudera: de acordo com uma pesquisa realizada pela agência de publicidade F/Nazca, 16 milhões de brasileiros já compraram pela net e o varejo digital movimentou R$ 8,2 bilhões em 2008. De olho nesse quinhão, brotaram sites para a classe A, como o Privalia, clube privado online que comercializa peças de coleções passadas de grandes marcas com até 70% de desconto. A companhia começou na Espanha, em 2005, pelas mãos dos sócios José Manuel Villanueva e Lucas Carné. “A ideia surgiu quando José foi trabalhar na New Balance, fabricante de tênis, e viu o modelo de vendas online da unidade francesa”, conta Carné. Em janeiro deste ano, o site que também opera na Itália e tem 1,5 milhão de usuários chegou ao Brasil e ganhou mercado. “Aqui já temos mais de 400 mil clientes cadastrados e queremos chegar aos 700 mil até o fim do ano”, diz. O faturamento global atingiu 22 milhões de euros e até o fim de 2009, apostam os executivos, chegará aos 55 milhões de euros. O Brasil deverá responder por R$ 20 milhões. “Até o fim do ano, vamos investir 4 milhões de euros no mercado brasileiro”, diz Carné.

Não é fácil convencer os brasileiros a comprar roupas e acessórios na internet, pois muitos desses produtos pressupõem contato físico. Aos poucos, contudo, o mercado nacional ganha musculatura. O site Superexclusivo, criado em 2007 e que tem como sócios Juliana Messenberg, Gabriele Bellini, Thiago Santos e Antonio Pulchinelli, é um exemplo. “Nosso diferencial é a personalização do serviço. Só é possível tornar-se sócio por meio de um convite enviado por um associado ou cadastrando o nome em uma lista de espera”, gaba-se Pulchinelli. Os sócios recebem uma newsletter com as marcas que serão vendidas na semana e fazem seus pedidos. Na lista, figuram nomes como Ralph Lauren, Adriana Degreas, Miss Sixty, entre outros. O site teve investimento inicial de R$ 1 milhão e conta com 67 mil associados, além de três mil pessoas aguardando uma vaga. “Compras de produtos de luxo pela internet não vão substituir as compras na loja, mas acrescentam na experiência de consumo”, diz Rodrigo Teco, especialista em e-commerce.

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Superexclusivo: Juliana Messenberg, Thiago Santos (centro) e Antonio Pulchinelli apostaram na personalização do serviço e criaram um outlet virtual

 

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Wine.com: o site de Aloísio Sotero oferece mais de mil rótulos importados de vinho


Com os procedimentos de compras mais seguros do que quando as vendas online surgiram, em 1990, a aceitação do e-commerce cresce. Um estudo realizado pela consultoria E-bit apontou que 86% dos 5,2 mil internautas entrevistados em São Paulo pretendem fazer alguma compra virtual neste trimestre. Visando esse potencial, o empresário Aloísio Sotero se uniu com dois sócios e criou o Wine.com, site que vende cerca de mil rótulos importados de vinho. Em seis meses de operação, 5,4 mil pessoas compraram no endereço eletrônico. “Temos clientes que adquirem vinhos conosco mensalmente”, diz Sotero. No caso dos vinhos, a maioria das pessoas que compram o produto já conhece o rótulo e usufrui da comodidade online. Este também é o perfil dos compradores de cosméticos pela internet. A Sack’s, empresa pioneira neste setor no Brasil, foi criada em 2000 e hoje concretiza duas mil transações diárias. Marcas como Dior, Yves Saint Laurent e Chanel se renderam ao modelo de negócios e trabalham hoje com Carlos André Montenegro, sócio-fundador da Sack’s. “No começo houve resistência por parte das grandes marcas”, relembra. “Foi difícil, mas com o tempo convencemos todas.” Para as grifes, de qualquer ramo, é um ótimo negócio. “Em um site que vende produtos exclusivos, o nosso poder de alcance é maior que a venda em um espaço físico”, diz Marcus Vinícius Rodrigues, consultor da grife de moda feminina Miss Sixty.