14/11/2013 - 6:30
Andar pelos shoppings de luxo da cidade de São Paulo tem sido uma atividade surpreendente nos últimos dois anos. Quase todo mês uma nova grife aterrissa por aqui, atraída pelo potencial de consumo dos abonados brasileiros. Nem os altos impostos parecem desanimá-las. A marca da vez é a suíça Breitling, de relógios de luxo, que abre as portas na quarta-feira 21, no shopping Cidade Jardim, nas margens do rio Pinheiros. A inauguração acontece cinco anos depois da abertura de um escritório no Rio de Janeiro para cuidar da distribuição nacional para o varejo ? modelo de negócio utilizado nas principais cidades do planeta.
Aposta: Mathieu D’Hubert, diretor mundial de butiques, visita o Brasil antes
da inauguração da primeira loja da grife por aqui
Segundo o diretor mundial de butiques da Breitling, Mathieu D?Hubert, a estratégia é apostar em unidades em metrópoles importantes para o mercado de luxo. ?Por isso, tratando-se do Brasil, São Paulo foi a nossa escolha imediata?, afirma o executivo. A definição das outras localidades com potencial de consumo fica a cargo dos parceiros multimarcas. ?Nada de abrir dezenas de lojas por aí?, diz D?Hubert. ?Nosso desenvolvimento é focado.? A expansão em butiques é recente para a Breitling, que hoje conta com 37 lojas próprias e 2.100 pontos de venda espalhados pelo mundo ? só em 2011 foram abertas dez unidades.
?E serão abertas mais dez no próximo ano.? As novas lojas serão distribuídas entre mercados maduros, como os da Suíça e Itália, e emergentes, como Rússia e China. ?Iniciamos o processo de desenvolvimento de lojas um pouco tarde e, por isso, precisamos nos posicionar em ambos os tipos de mercados?, afirma. Até então, o foco da grife, criada em 1884, na cidadezinha suíça de Grenchen, era a produção anual de 160 mil relógios, que custam entre R$ 7 mil e R$ 250 mil e demoram até dez meses para ficar prontos. Para Amnon Armoni, professor do MBA Gestão do Luxo da Faap, butiques em lugares estratégicos servem para exibir a identidade da marca e criar desejo nos consumidores.
Hit da hora: o Chronomat 44, de R$ 25 mil, é o que mais faz a cabeça
dos consumidores nacionais, segundo a marca
?Muitas vezes elas funcionam mais como um show- room do que propriamente como um espaço físico para a comercialização?, diz Armoni. Apesar de importante no cenário do mercado de alto padrão, o Brasil, segundo Monika Pieren, diretora comercial para a América Latina, não está entre os países que mais consomem os produtos da Breitling. ?Já os brasileiros que viajam para o Exterior estão entre as nacionalidades que mais compram nossos relógios?, afirma a executiva. ?Por isso, é indispensável estar presente no País.? A explicação é que os brasileiros costumam comprar quando estão fora para evitar os impostos que caem sobre os importados.
Os dados confirmam a teoria. De acordo com o relatório sobre consumo de luxo no País, elaborado pela consultoria Digital Luxury Group, 80% das despesas dos brasileiros com bens de luxo são realizadas no Exterior. Mesmo assim, a Breitling segue sendo a segunda relojoaria de alto padrão que mais vende seus produtos no País, atrás apenas da Rolex. Seu modelo mais vendido por aqui é o Chronomat 44, de R$ 25 mil, que tem como principal atrativo seu visual esportivo chique. Para aqueles consumidores que optam por comprar produtos de luxo fora do Brasil, a butique funciona para criar desejo e até como uma maneira de comunicação de marca. ?Eles veem aqui e compram em outro País?, afirma Armoni.