Navegar a bordo de um luxuoso e high tech barco pelas águas azul-escuras do mar Adriático ou em calmos lagos de paisagens paradisíacas, como o Iseo, no norte da Itália, sem hora para atracar, é o programa preferido do italiano bonachão de 65 anos Norberto Ferretti. É esse tipo de prazer que sua empresa, o grupo Ferretti, oferece a seus clientes. Até porque, segundo o próprio Ferretti, é esse o tipo de relação que os milionários, como ele, têm com seus barcos. Ou melhor, com seus iates de mais de 40 metros de comprimento.

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“Nosso maior trunfo é oferecer a experiência emocionante de navegar em um barco sob medida,
com todo o conforto e segurança” Norberto Ferretti, presidente do grupo Ferretti

O grupo italiano, baseado em Cattolica, na região da Emilia-Romagna, foi fundado em 1968 por Ferretti, que até hoje permanece no comando dos negócios. Espécie de LVMH do segmento de iates de luxo motorizados, o Ferretti é dono de  algumas das mais exclusivas marcas náuticas do mundo, além da que nomeia seu negócio. Entre elas estão a Pershing, de iates esportivos e velozes; a elegante e sofisticada Riva, famosa por suas lanchas de design retrô com detalhes em madeira envernizada; e a CRN, de megaiates que chegam a 80 metros. O apreço pelo design e acabamento sofisticados conquistou clientes igualmente preocupados com esses quesitos. 

Entre eles o primeiro-ministro da Itália e um dos maiores empresários do país, Silvio Berlusconi – dono de um iate CL 124’ –, o astro de Hollywood George Clooney – que trafega pelo Lago di Como, onde tem casa, em uma Riva 115 Athena –, e o homem mais rico do Brasil, Eike Batista – que acabou de comprar um iate Pershing 115 por R$ 85 milhões. Por ter entre seus principais consumidores homens bem-sucedidos e, por isso, invejados em todo o mundo, seus lançamentos sempre atraem um grande interesse. Assim, os três novos modelos da sua marca mais exclusiva, a Ferretti Custom Line, já começam a causar burburinho.

 

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A DINHEIRO foi o único veículo brasileiro a entrevistar Norberto Ferretti, após uma via sacra por quatro estaleiros do grupo, para ser apresentada aos detalhes do Custom Line 100’, iate de 100 pés, o Custom Line 124’, de 124 pés, e ao xodó do executivo, o iate Custom Line Navetta 33, de 107 pés. Os três custam a partir de 10 milhões de euros. “Desde 1998, quando criamos a Custom Line, a ideia era lançar iates top de linha, em busca de um mercado mais ambicioso”, diz Ferretti, sentado, de terno e descalço num sofá Fendi de seu Navetta 33. Iate que ele batizou de Ziacanaia ou brincalhão, em antigo dialeto italiano. 

 

Há três anos, o armador faz desse seu iate uma espécie de laboratório de testes. Por essa razão, ele anda para cima e para baixo pelo barco, sempre com um bloquinho de papel e um lápis à mão. Nenhum detalhe ou ideia passa sem ser anotado. “Fiz todo o projeto do meu Navetta com o arquiteto e o designer de interiores”, diz ele. “Acompanhei de perto a construção para depois repassar os detalhes aos nossos outros projetos da marca Custom Line.”  Para Ferretti,  essa é  a alma da Custom Line. “É o cliente quem ‘cria’ seu iate”, afirma. 

 

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Para realizar os sonhos e os desejos da clientela, a empresa conta com uma equipe de mais de 200 profissionais, entre engenheiros, arquitetos e designers, que trabalham ativamente no desenvolvimento de novas linhas e modelos do grupo. “Nosso maior trunfo é oferecer a experiência emocionante de navegar em um barco sob medida, com todo o conforto e segurança”,  reforça Ferretti. A customização é o principal diferencial da marca. A partir do momento em que a compra  do modelo é finalizada, um arquiteto é colocado à disposição do cliente. “Fazemos uma reunião para entender quais são seus desejos e o orientamos sobre as possibilidades de aplicá-los no barco”, diz Bernardo Zuccon, arquiteto da marca. 

 

Segundo ele, as cores mais escolhidas para o interior da embarcação são o bege, o branco e o cinza. “As cores neutras são as mais indicadas nesse ambiente para não cansar os olhos e para deixar os tons de mar reinarem absolutos”, afirma Zuccon. Segundo ele, o azul acaba fazendo parte da ambientação porque os modelos da Custom Line possuem janelas amplas, um dos diferenciais mais apreciados do modelo, chegando a medir mais de dois metros de comprimento nas suítes. 

 

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Para um brasileiro interessado nos barcos da Ferretti, não é preciso ir a Cattolica. A Tools & Toys, localizada no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, recebe os pedidos de lanchas e iates do grupo. Alguns são, inclusive, produzidos por aqui. O estaleiro Spirit Ferretti, em Vargem Grande Paulista, região metropolitana de São Paulo, possui a licença de produção de parte do catálogo da Ferretti. “Somos o único estaleiro Ferretti fora da Itália”, afirma Marcio Christiansen, CEO da marca no Brasil. 

 

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“Por conta dos altos impostos de importação cobrados no País, fizemos Norberto entender que era mais vantajoso fabricar alguns modelos por aqui.” Segundo Christiansen, foram necessários três anos para conquistar a confiança de Ferretti e trazer o negócio para São Paulo. Após 20 anos de parceria, o braço brasileiro se prepara para aumentar em mais de 100% sua produção anual, que atualmente é de 20 barcos. “Isso será possível porque o estaleiro de Vargem Grande passará a operar com força total neste mês”, diz. 

 

Há três anos o faturamento do Brasil representava cerca de 5% da receita total da Ferretti.  Em 2010, a fatia aumentou para 15% dos 500 milhões de euros faturados pela Ferretti. A depender do italiano, a importância do Brasil deve continuar de vento em popa. “Temos ótimas relações com o País e muitas esperanças no mercado brasileiro”, afirma Ferretti.

 

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