16/08/2013 - 6:16
Tão logo desembarcou do jato da empresa, na quinta-feira 1, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, em sua primeira visita ao Brasil, o executivo italiano Andrea Guerra, CEO da fabricante de óculos Luxottica, tratou de conhecer as belezas locais. Seu primeiro destino foi a Vista Chinesa, tradicional ponto turístico, de onde é possível ter uma das melhores vistas da Cidade Maravilhosa. O fascínio de Guerra pela exuberância da capital fluminense tem ligação com os negócios no Brasil. ?O sol e o lifestyle estão aqui?, afirma o executivo. ?É essa combinação que nos leva a ter tanto sucesso.? Dona de marcas consagradas, como Oakley e Ray-Ban, a Luxottica, sediada em Milão, pretende dobrar de tamanho no País nos próximos cinco anos.
Visão: segundo maior mercado da Luxottica, o Brasil é visto como
uma grande aposta pelo CEO Andrea Guerra
Para isso, está expandindo sua rede de varejo, ao mesmo tempo em que busca conquistar a preferência dos atletas que participarão da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. ?Precisamos construir uma estrutura para atendê-los?, diz Guerra. O objetivo da Luxottica, que faturou E 7 bilhões no ano passado, é repetir o sucesso obtido durante a Olimpíada de Londres, em 2012. Mais de 700 participantes do evento usavam algum produto da marca Oakley, de óculos, acessórios e roupas esportivas, e mais de 100 deles subiram ao pódio. Durante os jogos, a empresa manteve uma casa para receber e apoiar esses competidores. O primeiro passo dessa estratégia foi dado no começo de agosto, quando a companhia abriu a sétima loja da marca Oakley no Brasil, a primeira no Rio.
?O que esperamos para a marca nos próximos dez anos depende dos próximos três?, afirma o CEO. Além das lojas da Oakley, marca que a companhia detém desde 2007, a Luxottica investe para ampliar a operação brasileira de sua rede própria de varejo, a Sunglass Hut. De acordo com Guerra, o objetivo é chegar a 40 lojas no País nos próximos meses. Atualmente, são 31 pontos de venda, nos quais a rede comercializa produtos de marca própria e também óculos de grifes como Prada, Dolce&Gabbana, Chanel , entre outros ícones do mercado de luxo. Ao todo, são sete mil lojas espalhadas pelo mundo. A estratégia da Luxottica para crescer no Brasil também inclui mudanças no posicionamento de sua marca mais tradicional, a Ray-Ban.
Celebridades: os óculos da companhia italiana também fazem sucesso
entre astros como Brad Pitt (à esq.) e Fergie
Para atrair mais consumidores, recentemente a companhia reduziu os preços dos produtos nas lojas. Os altos preços pedidos pelos famosos óculos da marca, que já foram sinônimo de óculos de sol, estavam fazendo a companhia atuar no segmento de artigos de luxo, no qual não tem tanta penetração. A consequência, segundo Guerra, é que o consumidor acabava optando por adquirir seu Ray-Ban no Exterior. Com a redução no valor, a empresa espera incentivar seus clientes a comprá-los no País. Alguns modelos, inclusive, já dobraram as vendas. ?A questão não é ter um preço menor, mas ter o preço certo?, diz o CEO.
Para a especialista em varejo da Shopfitting, Heloisa Omine, a redução dos valores dos produtos aos consumidores diminui o efeito de canibalização que ocorre no Brasil. ?Em vez de gerar vendas aqui, gerava fora, o que não é interessante para a empresa?, afirma Heloisa. Nos últimos cinco anos, a operação brasileira da Luxottica deu um salto, deixando para trás a grande maioria das subsidiárias dos 40 países em que atua, passando da oitava para a segunda posição, atrás dos Estados Unidos e à frente da França, a terceira colocada. ?Se analisarmos os três principais mercados, o Brasil é o único com capacidade de dobrar de tamanho?, afirma Guerra.
O mercado de produtos óticos, como armações e lentes, cresceu 23% em 2012, chegando a um faturamento de R$ 19,5 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica). ?O brasileiro está virando um aficionado por óculos e esse item já virou produto de moda?, afirma Silvio Passarelli, diretor do programa de gestão do luxo da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). A proximidade dos eventos e as expectativas positivas para o mercado de óculos no País estão fazendo da subsidiária local da companhia sua maior prioridade. Por conta disso, a Luxottica tem investido pesado por aqui. Desde 2011, foram ? 150 milhões, incluindo a compra da fábrica de armação Tecnol, em Campinas, no fim do ano passado.