09/11/2011 - 21:00
Papéis avulsos
As produtoras de celulose Fibria, Suzano e Klabin amargaram prejuízos no terceiro trimestre do ano. As perdas das três têm um ingrediente em comum: alto endividamento em dólar. As operações de hedge das empresas e exportações mais rentáveis não foram suficientes para compensar a alta no valor das dívidas, ajustadas para o câmbio a R$ 1,85, no fim de setembro. A Suzano já declarou que vai vender ativos para reduzir a dívida e, na Klabin, a ordem é reduzir custos. “As empresas deveriam ter feito operações de proteção maiores”, afirma Ricardo Torres, da Brazilian Business School (BBS). Os resultados devem melhorar no fim do ano com o recuo do dólar a patamares próximos a R$ 1,70.
Educação financeira
Para quem está dando os primeiros passos no que se refere às finanças pessoais, o presidente da Editora Dsop, Reinaldo Domingos, lança o livro Ter Dinheiro Não Tem Segredo. O autor aborda temas que costumam preocupar a juventude como a escolha da carreira profissional, a inserção no mercado de trabalho e a relação com família, amigos e vida social, sem perda financeira. Editora Dsop, R$ 29,90.
Touro x Urso
O mercado deve monitorar, nesta semana, vários índices de inflação e de nível de atividade no País. Os investidores tentam prever a possibilidade de novos cortes de juros pelo Banco Central, com base nos resultados dos indicadores. Os mais importantes índices de inflação são o IPCA, que sai na sexta-feira 4, e a segunda prévia do IGP-M. A novela da Grécia também será seguida atentamente pelas bolsas. Na semana passada, depois de muita volatilidade, as bolsas respiraram aliviadas com o cancelamento da proposta de referendo na Grécia para aprovar o acordo com a União Europeia. Também foi favorável ao mercado o corte de juros de 0,25 ponto percentual pelo Banco Central Europeu (BCE), que reduziu a taxa básica para 1,25% anuais. Na quinta-feira 3, o Ibovespa subiu 1,52%, mas acumulava queda de 2,2% na semana.
Investigação
Embraer na mira da SEC
As ações da Embraer despencaram com a notícia de que a companhia está sendo investigada por possível corrupção pela Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários dos EUA, e pelo Departamento de Justiça do governo americano. Os papéis da empresa recuaram 11,09% na quinta-feira 3. A empresa informou ter contratado advogados para defender-se no processo que se refere a “transações realizadas em três países específicos”. A Embraer disse ainda estar cooperando com os investigadores americanos.
Quem vem lá
Um brinde à captação
O grupo gaúcho Miolo concluiu um processo de reestruturação iniciado em 2009, com a aquisição da vinícola Almadén, e agora prepara a empresa para a abertura de capital (IPO). A data para entrar com o pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não está definida. O Miolo, assim como muitas outras empresas, está aguardando melhores condições no mercado. Chamado agora de Miolo Wines, o grupo tem quatro subsidiárias de produção em duas regiões brasileiras: Vinícola Miolo, Projeto Seival Estate e Vinícola Almadén, todas no Rio Grande do Sul, e Vinícola Ouro Verde, no Vale do São Francisco, na Bahia. “Com a fusão, poderemos nos tornar uma companhia mundial”, afirma Darcy Miolo, presidente do conselho de administração da empresa.
Fique de Olho: Na última década, a vinicola teve um crescimento expressivo. Antes de 2000, a Miolo faturava menos de R$ 1 milhão anuais e chegou em 2010 com faturamento de R$ 100 milhões. Para 2011, a previsão é de R$ 120 milhões e, em 2020, de R$ 500 milhões.
Destaque no pregão
O maior lucro da história
O Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil, apresentou lucro líquido de R$ 3,81 bilhões no terceiro trimestre do ano. O resultado cresceu 25,5% em relação ao mesmo período do ano passado, puxado pelo aumento das operações de crédito, principalmente para empresas. Em nove meses, o banco já acumulou um lucro de R$ 10,9 bilhões, 16% superior ao do mesmo período de 2010. Segundo a Economática, o resultado anual do Itaú, dirigido por Roberto Setubal, é o maior da história entre os bancos de capital aberto. Mesmo assim, as ações do banco fecharam em queda na terça-feira 1º, dia da divulgação do balanço. As PNs caíram 0,96% e as ONs, 1,25%, por conta do nervosismo no mercado internacional.
Palavra de analista: O analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, elogia os resultados do Itaú especialmente pela melhora do retorno anualizado sobre o patrimônio, que subiu de 22,2% para 22,7% entre o segundo e terceiro trimestres. Além disso, o índice de Basileia da instituição ficou em 15,5%, percentual maior que o de concorrentes. Isso permite uma expansão mais rápida da carteira de crédito.
Mercado em números
Pine
R$ 38,1 milhões - Foi o lucro líquido do banco Pine no terceiro trimestre de 2011, resultado 5,5% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. A carteira de crédito total fechou em R$ 6,6 bilhões, R$ 1 bilhão acima de 2010.
Anhanguera
10,85% - Foi quanto caíram as ações da Anhanguera Educacional na terça-feira 1º. O mercado não gostou da saída repentina do presidente da companhia , Alexandre Silveira Dias. A empresa não esclareceu os motivos da saída e apenas informou que o substituto de Dias será o atual diretor financeiro, Ricardo Scavazza.
Renner
R$ 56,7 milhões - Foi o lucro líquido registrado no terceiro trimestre pelas Lojas Renner. O resultado caiu 0,5% em relação ao mesmo período de 2010. Mas no acumulado em nove meses, o lucro de R$ 217, 8 milhões é 17,8% maior que o obtido no mesmo período do ano passado.
Duratex
6% – Foi o crescimento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da fabricante de painéis de madeira no terceiro trimestre, para R$ 260 milhões, com a margem de 32,9%. O lucro líquido da Duratex foi de R$ 117,26 milhões no período, 1% inferior ao do ano passado na mesma época.
Pelo mundo
Corretora americana sucumbe
A corretora MF Global, dirigida pelo ex-governador de Nova Jersey Jon Corzine, pediu concordata na segunda-feira 31. Com dívida de US$ 39,7 bilhões, é a oitava maior quebra da história dos EUA. Dirigentes da corretora admitiram às autoridades americanas o desvio de centenas de milhões de dólares de seus clientes.
Mastercard lucra com gastança
A MasterCard registrou no terceiro trimestre lucro líquido 38,4% maior que no mesmo período do ano passado, de US$ 716 milhões, ou US$ 5,63 por ação. A receita cresceu 27% no período, para US$ 1,8 bilhão. Em comunicado à imprensa, a processadora de cartões declarou que os consumidores globais continuaram consumindo num bom ritmo. Os resultados no último trimestre podem piorar com a incerteza econômica mundial.
Olympus investiga escândalo em aquisições
Para acalmar o ânimo dos investidores, a fabricante de câmeras e de equipamentos Olympus criou uma comissão de seis pessoas para investigar fusões e aquisições da empresa. O comitê vai investigar pagamentos de US$ 687 milhões feitos a um consultor financeiro como parte da aquisição da Gyrus, fabricante britânica de equipamentos médicos, por US$ 2 bilhões de dólares, em 2008.
Personagem
BB aposta no interior com o Banco Postal
O Banco do Brasil teve um lucro recorde nos primeiros nove meses do ano: R$ 9,2 bilhões. O resultado é 18,9% superior ao mesmo período do ano passado e garantiu um retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio (RSPL) de 23,5%. O aumento da carteira de crédito, o controle rígido de despesas e a melhora das condições macroeconômicas foram apontadas como os responsáveis por tamanho lucro. Em entrevista à DINHEIRO, Ivan de Souza Monteiro, vice-presidente de finanças, mercado de capitais e relações com investidores garantiu que os resultados serão ainda melhores no ano que vem, com o início das operações do Banco Postal.
Ivan Monteiro, do BB: crescimento com gestão conservadora
A carteira de crédito de todos os bancos que divulgaram balanço teve um bom desempenho, a do Banco do Brasil cresceu 21% ante o ano passado. A que o sr. atribui esse resultado?
Isso é reflexo do crescimento do País como um todo e do aumento da massa salarial, que faz expandir as relações de consumo. O crédito imobiliário, por exemplo, cresceu 105% neste trimestre em comparação ao mesmo período de 2010, tornou-se um mercado imenso e atrativo. Mas todos os segmentos de crédito apresentaram bons resultados.
Como garantir que a expansão no crédito não cause aumento na inadimplência?
Os nossos índices de inadimplência mantiveram-se abaixo do observado no sistema financeiro como um todo. O indicador para operações em atraso com mais de 90 dias encerrou este trimestre em 2,1%, ante 3,5% do mercado. Isso é reflexo de uma postura conservadora na gestão. O nosso saldo de provisões ficou em R$ 18,6 bilhões, o que proporciona cobertura de 219,4% das operações vencidas há mais de 90 dias.
O financiamento à exportação também mostrou resultado robusto. A crise internacional não afetou essas operações?
O funding internacional está mais caro e escasso. Mas isso não aconteceu com a gente, ao contrário, nos tornamos a alternativa às empresas de comércio exterior para captação de recursos.
Quais são as expectativas para 2012?
Estaremos em 97% dos municípios brasileiros a partir de janeiro, quando iniciarmos a operação do Banco Postal. Vamos apostar na bancarização da população e no crescimento contínuo da classe média brasileira para aumentar nossa oferta de produtos e, consequentemente, nossa receita.