NA SUA ÚLTIMA VISITA AO PAÍS, no início de dezembro passado, Karen Puglisi, uma das principais executivas da fabricante de maquiagens MAC, fez a sua rotina de costume. Antes mesmo de pegar as malas na esteira do Aeroporto Internacional de São Paulo, deu uma passadinha no free shop, onde está o estande da marca. O local virou um alvoroço. Loira, alta, olhos verdes, sem o menor sinal aterrorizador dos efeitos do jet lag (eram sete horas da manhã e sua viagem tinha durado mais de 12 horas), Karen parou o lugar em segundos. Não só pela beleza. ?Ela é a chefona aqui. Virou um mito em todas as lojas?, sussura a vendedora no estande, minutos antes de engrossar a fila de funcionárias formada para, literalmente, bajulá-la. Promovida há duas semanas para o cargo de vice-presidente sênior da marca, Karen tem traçado o plano da MAC no Brasil. A questão é uma só: a grife cresce em marcha lenta por aqui. Em quase seis anos, abriu oito lojas no País, sendo que desde novembro de 2005 foram inauguradas apenas duas unidades. ?A MAC é uma marca que ainda está expandindo sua atuação internacional, mas o Brasil é uma enorme oportunidade para nós, com potencial de crescimento em todas as capitais?, disse Karen à DINHEIRO. ?Queremos dobrar o número de lojas [chegando a 16] dentro de três anos.?

O fato é que nunca foi tão importante estar presente no Brasil como agora, sobretudo devido ao crescimento do setor na América Latina e à retração no mercado nos EUA. A Estee Lauder, a norte-americana dona da MAC, cresceu irrisórios 3% na região das Américas em 2007. E a expansão só foi possível graças ao ?forte crescimento no Canadá e na América Latina?, relata em balanço. Na Ásia e Europa, as altas foram de 13% e 16%, respectivamente. Agora, a fabricante está em processo de definição de novas metas e investimentos para o Brasil, como antecipou Karen. Não está descartada a possibilidade de abertura de quiosques com produtos da marca em grandes shopping centers, apurou a DINHEIRO. Com US$ 7 bilhões em vendas anuais, a Estee Lauder não confirma esses planos nem comenta números da MAC no Brasil.

 

A empresa é a única varejista do segmento de maquiagens de alto valor agregado no País. A rede Sephora, sua concorrente direta, nem planeja pisar aqui. Com o reinado absoluto, a MAC vende por cerca de US$ 65 (R$ 110) o que custa lá fora US$ 25, como é o caso de sua base para peles. Ao se descontar o imposto sobre importação, a margem bruta chega a 25%. Criada pelo fotógrafo Frank Tostan em 1984, a MAC surgiu, literalmente, na cozinha. Tostan precisava bolar novas cores de maquiagens para suas fotos, pediu ajuda ao cunhado químico e, na mesa da cozinha, começou a juntar pigmentos e bolar tonalidades inexistentes. Passou então a usar em suas sessões de fotos os produtos que criava e, na base do boca a boca (até hoje a empresa não faz campanha publicitária), caiu nas graças de Linda Evangelista, Madonna e Fergie. Bastou a primeira ser fotografada numa sessão de fotos com o lápis da marca para que a ?MacFever? começasse. São 160 tipos de batons à venda e 150 sombras para os olhos, num total de 1,2 mil itens. Por aqui, a batalha é entender o gosto da brasileira. Elas gostam de tudo muito ?clean?, diz Karen. ?Posso assegurar: tudo que as brasileiras precisam nós temos?, afirma.