09/06/2022 - 11:59
PARIS (Reuters) – O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que é imperativo que as eleições parlamentares deste mês resultem em uma maioria “forte e clara” para que seu bloco político seja capaz de implementar reformas pró-negócios e evitar uma “desordem francesa”.
Macron afirmou que qualquer avanço para partidos de extrema-esquerda e extrema-direita nas eleições de 12 e 19 de junho adicionaria mais incerteza a um cenário político marcado pela invasão russa da Ucrânia e preocupações com o aumento da inflação.
“Nada seria mais perigoso do que adicionar uma desordem francesa a uma desordem mundial, como proposto por extremistas”, disse Macron nesta quinta-feira, durante visita à região de Tarn, no sul da França.
Macron aproveitou sua viagem a Tarn para alertar sobre os desafios enfrentados por seu bloco centrista “Ensemble”, tanto do partido de extrema-esquerda, que se aliou ao tradicional Partido Socialista, quanto de partidos de extrema-direita, como o Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen e o grupo “Reconquest” de Éric Zemmour.
Duas pesquisas mostraram no início desta semana que o campo centrista de Macron não tinha garantia de ganhar a maioria absoluta nas eleições parlamentares.
A coalizão de esquerda “Nupes” liderada pelo veterano de esquerda Jean-Luc Mélenchon está em segundo lugar nas pesquisas, mas os conservadores Les Republicains podem acabar sendo decisivos, se a aliança Ensemble de Macron ficar aquém de uma maioria absoluta.
O fracasso em obter a maioria absoluta marcaria um grande revés para Macron. Isso o forçaria a ampliar sua aliança, o que, por sua vez, poderia complicar as decisões políticas.
Macron foi reeleito presidente da França em abril, mas também precisa de uma maioria na câmara baixa do Parlamento para implementar reformas destinadas a fortalecer a economia, como propostas de mudanças nas aposentadorias e cortes de impostos.
Um gabinete minoritário ou governo de coalizão seria um cenário incomum para a França moderna. A Quinta República foi projetada para evitar coalizões difíceis de administrar.
(Reportagem de Sophie Louet e Nicolas Delame)