Embora a taxa juros tenha ficado inalterada no Brasil, com o Banco Central (BC) mantendo a Selic a 13,75% na quarta-feira (22) apesar das pressões do governo por uma queda, as autoridades monetárias de outros países optaram por aumentar suas taxas básicas por conta das diversas pressões inflacionárias que enfrentam e as turbulências do setor bancário.

Apenas a China e a Turquia, que sofreu um terremoto devastador que deixou ao menos 50 mil mortos, optaram por deixar suas taxas inalteradas.

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Confira o aumento por país ou bloco:

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) optou por um aumento moderado de 0,25 ponto percentual, levando sua taxa de juros a ficar entre 4,75% e 5% por preocupações com a inflação (que ficou em 3,6% em dezembro) e problemas no setor bancário após o colapso do Silicon Valley Bank (SVB). A leitura é de que esses fatores poderiam “pesar na atividade econômica” e resultar em “condições de crédito mais apertadas para pessoas físicas e jurídicas”.

Reino Unido

No Reino Unido, o BC elevou a taxa de juros também em 0,25 ponto percentual, afirmando que espera que o aumento da inflação esfrie mais rápido do que antes, apesar de um grande salto nos preços anunciado na quarta-feira (22). Com o aumento, o 11º seguido no país, a taxa básica de juros no país europeu passou para 4,25%. A alta, no entanto, foi a menor desde junho de 2022.

Zona do Euro

Na Zona do Euro, o Banco Central Europeu (BCE) elevou a taxa básica de juros em 50 pontos-base, para 3,5%, optando por não considerar o pedido de investidores para reduzir o aperto da política monetária pelo menos até o setor bancário se estabilizar. O setor tem sofrido com o contágio provocado pelos colapsos do SVB e do Credit Suisse, que causaram perdas acionárias significativas a bancos europeus. O BC dos 20 países que usam o euro elevou sua taxa para o nível mais alto desde o final de 2008 e evitou assumir qualquer compromisso para o futuro.

Noruega

O BC da Noruega elevou a taxa básica de juros em 25 pontos-base, a 3%, e disse em nota que a taxa final deverá atingir nível maior do que inicialmente previsto, já que a inflação segue acima da meta. Em comunicado, a presidente do BC norueguês, Ida Wolden Bache, afirmou que o juro básico poderá ser elevado de novo em maio por conta de “incertezas em relação a futuros desdobramentos econômicos”.

Suíça

O BC da Suíça (SNB) optou por elevar os juros em 50 pontos-base, a 1,5%, igualando o ajuste de meio ponto porcentual da reunião anterior, de dezembro. A decisão ocorreu apesar da recente turbulência no setor bancário do país, que levou o Credit Suisse a ser comprado pelo UBS em uma operação de emergência intermediada pelo governo. Em comunicado, o BC suíço disse não pode descartar que “altas adicionais sejam necessárias para garantir a estabilidade dos preços no médio prazo”.

Turquia

Com um patamar de juros mais próximo do brasileiro, o BC da  Turquia optou por manter a sua taxa básica inalterada em 8,5%, como era esperado pelo mercado. As autoridades monetárias do país afirmaram que o mais importante é manter as condições financeiras favoráveis para preservar o de crescimento após os terremotos que mataram milhares de pessoas no país. O BC do país afirmou, no entanto, que está monitorando de perto os desequilíbrios de oferta e demanda resultantes dos terremotos.

China

O Banco do Povo da China deixou suas principais taxas de juros inalteradas por mais um mês. Em comunicado divulgado na segunda-feira (20) autoridades informaram que a taxa de juros de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) de 1 ano segue em 3,65% e a taxa para empréstimos de 5 anos em 4,30%.