22/07/2022 - 1:38
Grandes economias mundiais, como são os casos da Índia, Brasil e Rússia, vão enfrentar crises “em cascata” impulsionadas pelas mudanças climáticas, como insegurança alimentar, escassez de energia e agitação civil, segundo apontou nesta quinta-feira um estudo da Verisk Maplecroft, empresa inglesa de consultoria estratégica e de risco global.
Embora se preveja que as nações em desenvolvimento fa África e do Sudeste Asiático sejam as mais afetadas pelas temperaturas mais altas, clima extremo e aumento do nível do mar, algumas nações de médio rendimento não têm infraestrutura e liberdade legislativa para acompanhar as mudanças climáticas. E, conforme a Europa vai contabilizando o custo de outra onda de calor recorde, a análise mostrou como mesmo nações com tipicamente poucas crises relacionadas ao clima vão precisar de se adaptar à medida que as temperaturas globais aumentam.
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O estudo analisou o desempenho dos países em 32 questões estruturais – incluindo eventos relacionados ao clima, estabilidade política, poder econômico, segurança de recursos, pobreza e direitos humanos – para avaliar a capacidade de cada nação de gerir crises. Depois, dividiu os países em três categorias: “isolados”, “precários” e “vulneráveis”.
Sem surpresa, as nações mais ricas tiveram um bom desempenho e foram consideradas as mais isoladas contra choques climáticos graças a uma combinação de boa governação, poder de compra e infraestrutura robusta.
As nações em desenvolvimento foram consideradas principalmente na categoria vulnerável por não terem essas salvaguardas. Vários países de médio rendimento, incluindo Índia, Indonésia e África do Sul, se enquadram nesse grupo.
“Os baixos níveis de investimento na análise dos riscos secundários mostram que a maioria dos países está quase totalmente despreparada para lidar com os impactos políticos, econômicos e de desenvolvimento mais amplos de um planeta em aquecimento”, indicou o estudo.
Will Nichols, chefe de clima e resiliência da consultoria Verisk Maplecroft, que conduziu a avaliação, garantiu que as maiores surpresas estavam na categoria intermediária – ou “precária” – que continha potências como Brasil, México, Rússia e Arábia Saudita.
“Uma pequena mudança pode cair para esse grupo inferior e temos visto a erosão das proteções ambientais e sociais sob a presidência de Jair Bolsonaro. Na Rússia, a infraestrutura do Ártico será prejudicada pelo aquecimento e será possível ver um líder como Putin apontar o dedo para outros grupos e tentar expandir o seu território”, referiu Nichols.
Embora seja uma economia do G20, o México caiu na categoria precária em grande parte devido à sua proximidade com as nações da América Central e do Sul, como a Venezuela, que enfrentam perturbações extremas relacionadas ao clima, particularmente na forma de migração em massa. “Esses riscos não são contidos por limites políticos, vão transbordar”, disse Nichols, indicando: “Mesmo que tenha a sua casa em ordem, se o seu vizinho for um caso perdido isso pode prejudicar seriamente a sua capacidade para se proteger.”
Nichols garantiu que a onda de calor mortal desta semana na Europa é a prova de que mesmo os países ricos precisam levar em consideração as mudanças climáticas em futuras decisões de negócios e Governo. “A escala da ameaça climática não está a diminuir – obviamente terá um enorme impacto”, disse.