Segundo sondagem ARD-Deutschlandtrend, 54% apoiam a antecipação do pleito, marcado para 28 de setembro. Coalizão governista liderada por Scholz atingiu seu nível mais baixo de popularidade e é aprovada por 14%.Os alemães parecem ter perdido a paciência com a crise permanente de seu governo – uma coalizão liderada pelo chanceler federal e social-democrata Olaf Scholz, ao lado de verdes e liberais, e que nos últimos meses se notabilizou mais por suas fraturas internas que pela convergência sobre quais rumos o país deve tomar.

Pela primeira vez desde a ascensão de Scholz ao posto, em dezembro de 2021, uma maioria de 54% dos eleitores afirma querer antecipar as eleições para o Parlamento, marcadas para daqui a 11 meses.

O apoio a novas eleições chega a 93% entre simpatizantes do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) e a 75% entre apoiadores da sigla populista de esquerda Aliança Sahra Wagenknecht (BSW).

Entre os eleitores da principal força de oposição, os conservadores da aliança CDU/CSU, o índice chegou a 69%.

Os números são de pesquisa ARD-Deutschlandtrend divulgada nesta quinta-feira (31/10).

Popularidade em queda livre

O atual governo de coalizão nunca foi tão impopular: tem 14% de aprovação, cinco pontos percentuais a menos que no início de outubro.

Os que desaprovam ou estão pouco satisfeitos com o governo somam 85%, sendo que a desaprovação sozinha aumentou oito pontos percentuais em relação à última pesquisa.

O eleitorado se diz insatisfeito com a política orçamentária e econômica do governo (83%) – o ministro da Economia é o verde Robert Habeck, enquanto o Ministério das Finanças é tocado pelo liberal Christian Lindner.

O índice de aprovação do próprio Scholz é de 19% – igual ao de Lindner e muito próximo de Habeck, que caiu oito pontos percentuais e foi a 20%.

Sistema prevê novas eleições em caso de impasse político

A Alemanha tem um sistema parlamentarista de governo e, por isso, em casos de sério impasse político, é possível convocar novas eleições para reequilibrar a correlação de forças no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento, e nomear um novo chanceler federal.

Foi o que aconteceu em 2005 no governo de Gerhard Schröder, uma coalizão entre social-democratas e verdes que chegou a 11% de aprovação, e que foi dissolvida um ano antes do previsto.

A julgar pelos resultados da pesquisa, porém, parece improvável que a atual crise possa ser resolvida com novas eleições.

O cenário político está fragmentado, o que dificulta a formação de maiorias no Parlamento. Outro elemento complicador é o sucesso cada vez maior da AfD, com quem os demais partidos, até agora, têm se recusado a se aliar no nível federal.

A pesquisa aponta o favoritismo da aliança conservadora CDU/CSU, que governou o país por 16 anos antes de Scholz, com 34% das intenções de voto. A AfD tem 17% e o SPD, dos social-democratas, 16%. Logo atrás vêm os verdes, com 11%, e a BSW, com 6%. Os liberais do FDP, com 4%, não superariam a cláusula de barreira. Outras siglas nanicas somam 12%.

A pesquisa ouviu 1.333 eleitores entre os dias 28 e 30 de outubro.

ra (dpa, ots)