A gonorreia, uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, precisa de atenção, segundo alertas da OMS. Mais de 60% dos casos da doença são resistentes a antibióticos.

Segundo a OMS, a organização afirma que mais de 60% dos casos de gonorreia são causados por uma versão da bactéria resistente a um dos remédios mais utilizados no tratamento, a ciprofloxacina, o que dificulta o combate à infecção e aumenta o risco de desfechos graves.

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O novo relatório, que reúne dados reportados por 87 países até 2020, destaca também níveis de resistência acima de 50% para bactérias que causam grande parte das infecções da corrente sanguínea em ambientes hospitalares, a Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter spp.

Com o aumento na demanda devido à resistência aos remédios tradicionais, essa classe de medicamentos também corre mais risco de eventualmente se tornar ineficaz. 8% das infecções da corrente sanguínea causadas por Klebsiella pneumoniae, por exemplo, já são resistentes aos carbapenêmicos.

Outro dado que aparece no relatório é que mais de 20% dos casos de Escherichia coli, causa mais comum da infecção urinária, foram resistentes tanto aos antibióticos de primeira linha, a ampicilina e o cotrimoxazol, como os de segunda linha, as fluoroquinolonas.

A organização chama atenção para a tendência de crescimento do problema. Os casos de resistência da bactéria que causa a gonorreia e das duas mais comuns em infecções da corrente sanguínea aumentaram 15% em quatro anos.

Um dos receios dos especialistas é que o uso desenfreado e fora do recomendado de antibióticos durante a pandemia da Covid-19 pode ter agravado ainda mais o problema.