O mês de março marca o Dia Internacional da Mulher, mas, especialmente este ano, também marcou episódios de assédio na televisão brasileira, com MC Guimê e Antônio Carlos Júnior (Cara de Sapato) no Big Brother Brasil 23, na TV Globo, em imagens que mostravam importunação sexual. Conforme mostrado anteriormente em reportagem da IstoÉ Dinheiro, essa realidade se estende a outros locais e âmbitos da vida, incluindo a profissional.

Um levantamento exclusivo da plataforma Infojobs mostra que mais de 74% das mulheres já sofreram assédio ou preconceito na vida profissional. A situação também ocorre até mesmo antes da contratação: pelo menos 61,9% já enfrentaram situações invasivas nos processos seletivos.

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Entre os dados da pesquisa, também aparecem outros números alarmantes:

  • 88,5% das mulheres acreditam que as oportunidades não são as mesmas para ambos os gêneros;
  • 74,1% das entrevistadas afirmam já ter sofrido assédio ou preconceito na vida profissional (a abordagem partiu de superiores em 72,7% dos casos, seguido de colegas de trabalho em 12,9% das vezes);
  • 43,8% das mulheres teve receio de reportar e omitiu a situação;
  • apenas 25,7% se posicionou no mesmo momento, 16,7% pediu demissão e 3,8% comunicou ao RH.

“Precisamos falar sobre como tornar ambientes profissionais mais igualitários desde a base, lá no processo seletivo e também na cultura das empresas”, comentou Ana Paula Prado, CEO do Infojobs.

O apontamento de Ana é reforçado por números apresentados no levantamento. Afinal, 61,9% já enfrentaram situações invasivas em processos seletivos, onde o foco não era apenas suas habilidades profissionais. A situação é pior em áreas predominantemente masculinas, como engenharia ou tecnologia, já que 89,7% das respondentes acreditam que o gênero influencia na contratação.

Uma vez inseridas no mercado de trabalho, as barreiras se mantêm. Na percepção de 88,4%, as mulheres enfrentam mais dificuldades para se desenvolver quando comparado com outros grupos. Além disso, 69,7% afirmam que já tiveram a credibilidade questionada apenas por ser mulher.

Entre os principais desafios enfrentados, destacam-se: conquistar uma oportunidade de emprego (27,7%) e a dificuldade para conquistar reconhecimento e crescer profissionalmente (26,3%). Em 2022 a mesma pergunta foi feita, e os mesmo pontos apareceram em destaque.

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio

As empresas sempre tiveram o dever constitucional de proporcional um meio ambiente seguro e sadio de trabalho aos seus empregados. Contudo, essa obrigação tomou ainda maior relevância com o Emprega + Mulheres.

“Especificamente, o artigo 23 – que entrou em vigor no dia 20 de março – da referida Lei traz em seu texto quais são as medias que as empresas deverão adotas para prevenir e combater o assédio sexual, assim como as outras formas de violência sexual no ambiente de trabalho”, diz Karolen Beber, advogada especialista do Direito do Trabalho e coordenadora da área trabalhista do escritório Natal & Manssur Advogados.

Art. 23. Para a promoção de um ambiente laboral sadio, seguro e que favoreça a inserção e a manutenção de mulheres no mercado de trabalho, as empresas com Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (Cipa) deverão adotar as seguintes medidas, além de outras que entenderem necessárias, com vistas à prevenção e ao combate ao assédio sexual e às demais formas de violência no âmbito do trabalho.