Um argumento para os otimistas: nunca foi tão fácil entrar no clube dos milionários. Em 1997, quando a Merrill Lynch e a Gemini Consulting fizeram, pela primeira vez, uma pesquisa sobre a quantidade de pessoas muito ricas no planeta, chegaram à conclusão de que havia 5,2 milhões de cidadãos com patrimônio superior a um milhão de dólares. No ano passado essa cifra subiu para 6 milhões de felizardos. Agora, na nova edição do estudo, chegou-se ao número de 7 milhões.

Boeing ganha contratos milionários que incluem entrega de mísseis dos Riad e Brasil
Número de milionários no Brasil cresceu 19,35% em 2019, mostra relatório
Dois adolescentes ganham Mundial de Fortnite e ficam milionários

Segundo os autores do trabalho, há três motivos para esse aumento ? o crescimento espantoso da economia americana, a febre do e-business e a explosão dos mercados de ações em todo o mundo. Um outro fator, residual, também contribuiu para isso. Na Europa, centenas de empresas familiares ? de vinícolas francesas a hotéis nos Alpes ? foram vendidas a grandes conglomerados, criando uma nova classe de investidores milionários, com fortunas em dinheiro vivo para aplicar no mercado financeiro.

Segundo o estudo, um em cada mil habitantes do planeta pode ser qualificado de milionário, mas a distribuição dessa população está longe de ser equilibrada. A primeira diferença é geográfica. Na América do Norte há um ricaço para cada 200 habitantes, índice dez vezes maior que o da América Latina e vinte vezes maior que o da Ásia. Apenas os Estados Unidos concentram cerca de um terço dos endinheirados do planeta, enquanto todos os bacanas da África, somados, não representam 1% do clube. Existe também uma divisão de classes entre os ricos e os muito ricos. Dos US$ 25,5 trilhões que enchem o caixa da primeira classe global, dois terços estão nas mãos de uma grande massa de passageiros com patrimônio médio de US$ 3 milhões. O terço restante está nas mãos de uma elite de 55 mil pessoas ? os verdadeiros donos do mundo ? com fortunas médias acima de US$ 30 milhões.

Traduzindo, o clube dos bacanas ganha sócios rapidamente, mas o acesso à sala vip é cada vez mais difícil. Em 1996, para entrar na lista dos 400 mais ricos dos Estados Unidos, publicada pela revista Forbes, era preciso ter em caixa US$ 415 milhões. No ano passado o lanterninha desse ranking tinha US$ 625 milhões. Quinze anos atrás, a fortuna dos 400 mais, somada, era de US$ 124 bilhões. Agora, o patrimônio do grupo chega a US$ 1 trilhão, o que dá a média de US$ 2,5 bilhões per capita. A comparação também mostra como o dinheiro está mudando de mãos. Há quinze anos, 4% dos milionários americanos estavam no ramo de computadores e telecomunicação. Hoje 24% dos membros da panelinha vêm de um desses ramos ou de empresas de software. Em compensação, o percentual dos que são ricos por herança caiu de 32% para 22%.

O resultado mais surpreendente, em relação ao ano passado, foi o desempenho da Ásia. Do milhão de novos membros da irmandade dos muito ricos, 400 mil vieram dessa parte do globo. São agora 1,7 milhão de milionários no Oriente, número maior que o da África, Oriente Médio, América Latina e Europa Oriental somados. Depois da crise de 1997, as economias dos países asiáticos se recuperaram e vêm crescendo como se tivessem recebido um banho de fermento. O valor das ações negociadas no mercado coreano cresceu 167% no ano passado. Em Cingapura, o aumento foi de 103% e, em Hong Kong, 77%.