Por Clodagh Kilcoyne e Ali Kucukgocmen

ANTAKYA/KAHRAMANMARAS, Turquia (Reuters) – Mais três pessoas foram retiradas com vida dos escombros na Turquia, nesta sexta-feira, 11 dias depois de um terremoto que matou mais de 45.000 no país e na Síria, enquanto agências de ajuda intensificam esforços para auxiliar milhões de pessoas que ficaram desabrigadas.

Mesquitas em todo o mundo realizaram orações fúnebres pelos mortos na Turquia e na Síria, muitos dos quais não puderam receber os ritos fúnebres devido à enormidade do desastre.

Enquanto muitas equipes de resgate internacionais deixaram a vasta zona do terremoto, os sobreviventes ainda estavam emergindo de uma infinidade de casas destruídas, desafiando todas as probabilidades.

Hakan Yasinoglu, na casa dos 40 anos, foi resgatado na província de Hatay, no sul, 278 horas depois que o terremoto de magnitude 7,8 ocorreu na calada da noite em 6 de fevereiro, informou o Corpo de Bombeiros de Istambul.

Mais cedo, Osman Halebiye, de 14 anos, e Mustafa Avci, de 34 anos, foram resgatados na cidade histórica turca de Antáquia. Ao ser levado em uma maca, ele foi colocado em uma videochamada com seus pais, que lhe mostraram seu bebê recém-nascido.

“Eu tinha perdido completamente a esperança. Isso é um verdadeiro milagre. Eles me devolveram meu filho. Eu vi os destroços e pensei que ninguém poderia ser salvo vivo de lá. Estávamos preparados para o pior”, disse seu pai, Ali Avci.

Especialistas dizem que a maioria dos resgates ocorre nas 24 horas seguintes a um terremoto. No entanto, uma adolescente foi salva 15 dias após o grande terremoto de 2010 no Haiti, dando esperança de que mais pessoas ainda possam ser encontradas.

O número de mortos na Turquia agora é de 39.672, tornando-se o pior desastre da história turca moderna. Mas esse número deve aumentar, já que cerca de 264.000 apartamentos foram perdidos no terremoto e muitas pessoas ainda estão desaparecidas.

Na vizinha Síria, já devastada por mais de uma década de guerra civil, as autoridades relataram mais de 5.800 mortes. O número não muda há dias.

A maior parte das mortes na Síria ocorreu no noroeste, uma área controlada por insurgentes que estão em guerra com o presidente Bashar al-Assad — um conflito que complicou os esforços para ajudar as pessoas afetadas pelo terremoto.

Os lados se enfrentaram durante a noite pela primeira vez desde o desastre, com forças do governo bombardeando os arredores de Atareb, uma cidade controlada por rebeldes e gravemente atingida pelo terremoto, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos nesta sexta-feira.

A Reuters não pôde verificar o relato de forma independente.

Turquia e Síria não disseram quantas pessoas ainda estão desaparecidas após o terremoto.

Para as famílias que ainda esperam resgatar parentes na Turquia, há uma irritação crescente sobre o que consideram práticas de construção corruptas e um desenvolvimento urbano profundamente falho que resultou na desintegração de milhares de moradias e estabelecimentos.

A Turquia prometeu investigar qualquer pessoa suspeita de responsabilidade pelo desabamento de edifícios e ordenou a detenção de mais de 100 suspeitos, incluindo construtores.

A ONU apelou na quinta-feira por mais de 1 bilhão de dólares em recursos para a operação de socorro turca, apenas dois dias depois de lançar um apelo de 400 milhões de dólares para os sírios.

As pessoas têm dormido em tendas, mesquitas, escolas ou carros em toda a extensa zona de desastre, tendo que lidar com as temperaturas congelantes do inverno.

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